Cronologia de Sintra- De 1880 a 1910

Sintra, onde “a História se fez jardim”, nas palavras de Vergílio Ferreira, é um lugar marcado pelo misticismo que a sua serra promontorial lhe confere, mas também por aquilo que ao longo dos séculos os que a habitaram, fruíram e marcaram, em palavras, pedras e tradições, deixaram de legado. Ao longo de diversos capítulos iremos aqui dar nota exaustiva do que foi Sintra (e o concelho, em geral) entre 1880 e 2016, com uma recolha de Fernando Morais Gomes, nesta primeira fase contemplando o período de 1880 a 1910, data da implantação da República.

O Mercado1880

1880

Por esta altura, o concelho de Sintra, está incluído na região do Centro Litoral, constituída por concelhos dos distritos de Lisboa, Santarém e Leiria. Do distrito de Lisboa, fazem parte os de Belém e Olivais, que seriam extintos mais tarde. O concelho de Sintra é povoado por 20.791 habitantes, número inferior aos de Lisboa, Belém, Olivais, Torres Vedras e Mafra. No conjunto dos 289 concelhos do País, Sintra ocupa o número 28º.

Gados: Cabras-655 Ovelhas-12.837 Suínos- 1.213 Bovinos-3.418

Área do concelho: 32.193 ha. As árvores florestais dominantes são a oliveira, o sobreiro, o pinheiro bravo e o carvalho português. O elevado efetivo de ovelhas permite a produção de queijo, que juntamente com Olivais, depois Loures, dá o chamado “queijo saloio” e”solar” da raça “ovelha saloia” que posteriormente será a produtora do leite para o fabrico do queijo de Azeitão. Do leite vacum fabrica-se a famosa manteiga de Sintra. O reduzido número de cabras, deve-se ao facto de ter  grande importância florestal, por isso, a pastagem livre de caprinos é proibida.


António Chaves Mazziotti representa Sintra nas Cortes.

Nasceu em Colares a 21 de Fevereiro de 1843 e faleceu em Lisboa a 10 de Maio de 1912. Era filho do comendador António Mazziotti Júnior, e de Maria do Carmo Zeferino de Azambuja Dias Pereira Chaves, filha de um afilhado do marquês de Pombal. O padrinho de batismo o 3.º conde da Lousã, D. Diogo de Meneses Ferreira de Eça, ministro de D. João VI e de D. Miguel.

Chaves Mazziotti seguiu as pisadas do pai – atingiu a posição de maior contribuinte do concelho de Sintra – e foi uma personalidade destacada na vida social local. Participou na fundação do antigo Jornal de Cintra (1885), primeiro periódico da era moderna da imprensa sintrense, era sócio da Sociedade União Sintrense, membro da Misericórdia local e um dos fundadores dos Bombeiros de Colares.Foi o maior entusiasta do nascimento da Praia das Maçãs, integrando a comissão que desde 1884 lançou a construção da estrada do Banzão à nova localidade e presidindo à «Sociedade Edificadora» constituída para o progresso da Praia das Maçãs. Pertenceu à Real Associação Central da Agricultura Portuguesa (17.5.1869 a 10.4.1877) e faz parte da direcção desta associação em 1872. Possuía várias comendas nacionais e estrangeiras, o título de fidalgo-cavaleiro da Casa Real (5.2.1877) e foi agraciado com a carta de Conselho em 1910.

Casou com Heloísa de Almeida e Albuquerque, filha de Luís de Almeida e Albuquerque, fundador do Jornal do Comércio e director da Escola Politécnica.

Entrou na política aos 16 anos, filiando-se no Partido Histórico (20.1.1860), e foi depois figura proeminente do Partido Progressista. Detinha o n.º 3 na lista de filiados de Lisboa, logo a seguir a José Luciano de Castro e a D. Miguel Pereira Coutinho e pagava a mais avultada quota (mil réis mensais), além de se afirmar como o maior influente político no concelho de Sintra. Durante 17 anos pertenceu à Junta Geral do Distrito de Lisboa e, em representação da Câmara dos Deputados e do Governo, substituiu Wenceslau de Lima (alta figura regeneradora que chegaria a primeiro-ministro) como vogal e secretário da Junta de Crédito Público.No plano eleitoral, foi pela primeira vez candidato a deputado em 1878, apresentando- se no círculo uninominal de Sintra, mas foi derrotado por Francisco Joaquim da Costa e Silva, que anteriormente já vencera seu pai.

Em 1879 voltaram a defrontar-se, mas desta vez a vitória coube a Chaves Mazziotti que veio novamente a representar o círculo de Sintra em resultado das eleições de 1887, 1889, 1897, 1899 e 1900 (juramento a 14.1.1880, 13.4.1887, 15.1.1890, 30.6.1897, 16.1.1900 e 7.1.1901, respectivamente). Em 1886 chegou ao Parlamento como deputado por Beja, vencendo uma eleição suplementar (juramento a 31.3.1886). A partir de 1901 e até à última eleição monárquica, em 1910 (exceptuando a de Abril de 1906), com a inclusão de Sintra no círculo plurinominal de Lisboa ocidental (lei eleitoral de 1901), passou a ser eleito nesta circunscrição (juramento a 18.3.1902, 4.10.1904, 10.4.1905, 2.10.1906 e 2.5.1908, respectivamente).

No plano da política geral destaque para propostas e projectos de lei sobre sociedades anónimas a inserir no Código Comercial (20.2.1888); de alteração de um artigo do Código Administrativo (23.5.1888); de manutenção do círculo eleitoral de Sintra sem agregação do concelho de Cascais, zona onde detinha reduzida influência política (4.7.1899); de fornecimento pelo Estado do bronze necessário à construção da estátua a Afonso de Albuquerque (7.6.1899); de proibição do uso de margarinas ou outras substâncias no fabrico de manteiga (27.5.1903) e sobre a fiscalização da denominação de origem dos vinhos (29.1.1907). Chaves Mazziotti não produziu nenhum discurso de fundo, não discutiu qualquer das grandes questões políticas no parlamento, nem foi relator de qualquer parecer de comissão.

Manifestamente não possuía dotes oratórios, limitava-se a curtas intervenções e a pequenos textos de fundamentação dos seus projectos de lei. Como momentos altos na sua carreira de deputado poderão destacar-se 1899, quando efectuou o maior número de intervenções no hemiciclo; a sessão de 8.3.1901, quando quebrou a sua proverbial solicitude e interrompeu o primeiro-ministro Hintze Ribeiro, contradizendo a explicação sobre um conflito entre polícias e estudantes na Escola Politécnica, e a sessão de 29.1.1904 quando se manifestou contra um emergente sinal do progresso técnico ao defender o fim dos «passeios de automóveis pelas ruas da cidade de Lisboa» porque «ninguém se utiliza de um automóvel para fazer compras ou visitas».

Depois do 5 de Outubro manteve-se fiel ao ideal monárquico, mas afastou-se da política. Frequentava os cafés, como o Baltresqui e a Havaneza do Chiado, onde passava horas em amena cavaqueira e tendo por vezes ditos espirituosos que faziam época, um estilo que nunca patenteou enquanto deputado.


O arqueólogo Carlos Ribeiro explora a anta de Agualva, onde já vinha trabalhando desde 1875. A Anta de Agualva é um monumento megalítico da pré-história do tipo dólmen com corredor, datado de 3000 a.C., hoje situado na Quinta do Carrascal (Bairro da Anta), em Agualva.

Publicidade ao Hotel Netto, aberto em 1879

Setembro

13-Em Monserrate decorre uma festa para premiar os alunos das escolas patrocinadas pelos Cook


Dezembro
1-Fundada a Sociedade União 1º de Dezembro, por influência, entre outros, da condessa d’Edla, sob foral de D. Carlos, tendo como cor da bandeira o azul, símbolo marcante da monarquia. Os objectivos da Sociedade, à data da sua constituição, eram os de se dedicar à instrução e ao recreio. Até 1920 a Sociedade Filarmónica União 1º Dezembro teve uma banda de música, designada por Real Filarmónica da Sociedade União 1º Dezembro, que abrilhantava os bailes da Sociedade.

Em 1880 vem para Portugal o pintor espanhol Enrique Casanova.

Nomeado Pintor da Real Câmara desde novembro de 1885, consolidou o seu estatuto no círculo restrito da Corte, passando a acompanhá-la nas suas itinerâncias pelos paços reais.

Cultivou a aguarela, o guache, o pastel e o óleo, mas foi a aguarela a técnica pictórica utilizada para registar, por encomenda de D. Maria Pia, uma série de interiores dos paços reais da Ajuda, Cascais e Sintra. A mestria técnica e o realismo patentes nestas aguarelas possibilitou que,  um século mais tarde, o Palácio Nacional da Ajuda as tomasse como fonte privilegiada para a reconstituição histórica das suas salas.

O ecletismo e polivalência de Enrique Casanova é visível na sua produção cerâmica, escultórica, pictórica e gráfica. Especial destaque para a decoração de um serviço de jantar, cujo tema – um veado – foi inspirado na pintura do teto da Sala dos Brasões do Palácio de Sintra. No âmbito da ilustração, colaborou com a rainha D. Amélia e Raul Lino nas ilustrações para o livro O Paço de Sintra (1903), com texto do Conde de Sabugosa, e com D. Carlos de Bragança no Catálogo Ilustrado das Aves de Portugal (1903, 1907).

1881


Júlio César  Pereira de Melo deputado por Sintra às Cortes.

Deputado eleito por Sintra em 1881. Nasceu em Lisboa e era filho de Joaquim José Pereira de Melo. Formou-se em Direito em 1865 e da sua carreira profissional apenas se sabe que nos anos de 1870 e 1880 do século XIX exerceu o cargo de adjunto do enfermeiro- mor do Hospital de S. José (presumivelmente um cargo administrativo), para além de ter escritório de advogado em Lisboa.Como candidato do Partido Regenerador, foi eleito deputado em 1881 (juramento em 20.1.1882). Integrou a Comissão de Estatística nas sessões legislativas de 1882 e 1883. As suas intervenções no Parlamento foram raras. Das treze vezes em que usou da palavra, para além da apresentação de representações de particulares, interveio quase sempre para se referir a questões relacionadas com o funcionamento do Hospital de S. José.

Sobre os interesses dos concelhos de Sintra e Cascais pronunciou-se apenas em três ocasiões: para defender a elevação da alçada dos juízes de Cascais (25.2.1882); para apresentar representações dos habitantes de Sintra e Cascais relativa à proposta de lei sobre aguardentes de cereais (20.5.1882) e para apresentar uma representação de moradores de Sintra contra o Orçamento da Câmara Municipal.

De acordo com o Inquérito industrial de 1881, existe ainda neste ano em Rio de Mouro uma fábrica de tinturaria e estamparia, propriedade de Filipe José da Luz.


1882


A Quinta Velha, propriedade dos herdeiros do Marquês de Pombal, é comprada por parte de um conjunto de sócios para loteamento, sendo aí construído o Mont Fleuri, de Pedro Gomes da Silva
Por ocasião das festas de Nossa Senhora do Cabo o Repuxo do Paço Real, é truncado, construindo-se um tanque de pedra de aparelho tosco.

Janeiro

13-Visita a Sintra de Afonso XII de Espanha e da Rainha Maria Cristina
Março

29-D. Fernando II adquire em escritura de aforamento à Câmara de Sintra a Fonte de Santa Eufémia, com foro de 70 réis pelo Natal.

D. Fernando e a condessa d’Edla em Sintra

Setembro

13-Morre em S. Pedro, aos 76 anos, na sua casa na Rua Higino de Sousa nº 34, o político e antigo chefe do governo Rodrigues Sampaio. Adoentado, já por mais de uma vez tivera ataques de doença pulmonar que tinham posto em risco a sua vida, retirou-se para a sua casa de Sintra. Foi nessa situação que a 12 de Setembro  sofreu um forte acesso, vindo a morrer no dia seguinte, vítima daquilo que, à época, foi diagnosticado como uma pneumonia adinâmica.


1883

Aprovada a instalação de um farol eléctrico e de um sinal sonoro no Farol da Roca.


Agosto
28- O Vapor Rydel naufraga no Cabo da Roca, tendo-se salvo os 20 tripulantes.

1884


A Imprensa Nacional publica A Quinta Regional de Cintra na Exposição Agrícola de 1884.

Surge o Jornal de Vila Verde, com 2 páginas e 1 único número, dirigido por José Moreira e abordando assuntos da arte da cantaria.


A Propriedade do Convento da Penha Longa é pertença de Sebastião Pinto Leite, visconde da Gandarinha, mais tarde conde de Penha Longa, aí realiza obras de beneficiação adaptando o antigo mosteiro a residência estival.
Manuel José Monteiro adquire em hasta pública o domínio directo de um prazo existente na Quinta da Regaleira, que pertencia ao Seminário de Santarém, pela extinção da Colegiada de São Marinho de Sintra.

Agosto

Em Agosto de 1884 Luís Almeida Albuquerque, Joaquim de Vasconcelos Gusmão e António Chaves Mazziotti, junto com os engenheiros Joaquim Sousa Gomes e Ressano Garcia iniciam o projeto da construção da estrada de ligação de Colares à Praia das Maçãs. A mesma teria 3400m e custaria seis mil e oitocentos escudos (hoje, pouco mais de 30 euros…).Como a quantia era “elevada” foi feita uma subscrição pelos principais capitalistas da zona, tendo-se angariado um terço da verba. O resto foi dinheiro da Câmara, que levou dois anos a aprovar o projeto (oferecido pelos referidos engenheiros). Foi concluída 1 ano depois


0utubro
3-Nasce a Associação de Socorros Mútuos 3 de Outubro de 1884

6- Nasce Emílio Paula Campos

Dezembro

1-Fundada a Sociedade União 1º de Dezembro, fundada como Sociedade de Socorros Mútuos

17-Aprovação dos estatutos da Sociedade de Socorros Mútuos 1º de Dezembro

António de Sousa Pinto de Magalhães é deputado eleito por Sintra em 1884.

Nasceu a 16 de Janeiro de 1837 em Lisboa, não sendo conhecida a data e local da sua morte. Membro do Partido Regenerador, foi eleito deputado pelos círculos uninominais de Soure (1878 e 1881) e de Sintra (1884) e pelo círculo plurinominal de Beja em 1901 e 1904. Por duas vezes foi eleito par do Reino, em representação do distrito de Viseu em 1890 e em 1894.

Na Câmara dos Deputados integrou as comissões de Comércio e Artes (1879, 1882, 1883 e 1885), Orçamento (1882 a 1884 e 1903), Fazenda (1885, 1886,1893, 1896 e 1902 a 1904), Negócios Estrangeiros (1882 a 1885), Obras Públicas (1885), Estatística (1885), Inquérito sobre o imposto do sal (1885), Bill de Indemnidade (1902 e 1904) e Ultramar (1903).

A maioria das intervenções versou problemas económicos e alfandegários, naturalmente aqueles que melhor conhecia, e só muito raramente se interessou por assuntos locais, certamente por se tratar de um deputado sem influência eleitoral, mas com competência técnica, que interessava à direcção do partido fazer eleger por círculos onde a eleição não corria perigo.

Por esse motivo ter-se-á limitado a apresentar um requerimento do Asilo de Sintra com vista a obter um subsídio (31.1.1885).

O regresso à Câmara dos Deputados em 1902 já não teve o fulgor das primeiras legislaturas e restringiu-se então à entrega de requerimentos, representações e pareceres de comissões. Ao longo da vida parlamentar apenas por uma vez abandonou a sua postura essencialmente técnica e derivou para uma opinião mais «política» (11.3.1885), quando respondeu a críticas de Mariano de Carvalho à reforma das alfândegas e registou a mudança de atitude dos progressistas.


1885

Construção da Vila Costa, de José Emídio Costa, em Colares

A Vila Costa é exemplar arquitectónico muito interessante, com as sua janelas góticas e decoração vegetalista estilizada dos capitéis patentes nas janelas maineladas, cuja gramática recorda vagamente certo estilo revivalista, segundo Teresa Caetano, in “Colares”

Quanto ao seu proprietário, José Inácio Costa,(imagem abaixo) natural de Colares , foi criado no seio de modesta família e, ainda jovem fixou-se em Lisboa onde aprendeu o oficio de latoeiro. Um dos proprietários da fábrica onde trabalhava, sem herdeiros ,afeiçoou-se ao moço e legou-lhe uma das suas industrias conserveiras. Inácio Costa soube gerir o seu património e diversificou a sua actividade, acumulando fortuna. Manteve, apesar de tudo, grande afeição à sua terra natal, tornando-se num dos maiores beneméritos da Vila de Colares, onde faleceu a 13 de Abril de 1896.

Construção por Carlos Mourato Roma, antigo director do Tesouro Público e político liberal, da Villa Roma. O terreno é comprado ao Marquês da Praia, e o projecto da casa encomendado a um estucador e pintor que estava a restaurar as salas de Seteais e que mais tarde projecta a decoração da Quinta do Relógio.
D. Luís oferece um banquete no Paço Real aos exploradores Brito Capelo e Roberto Ivens.

Outubro

25-Morre Miguel Galway. Nasceu em Lisboa no dia 8 de janeiro de 1796 e casou no dia 28 de janeiro de 1823 com Libânia Rosa dos Reis filha do capitão-mor de Sintra – Máximo José dos Reis, proprietário da Quinta dos Pizões.


Novembro
8- Surge o Jornal de Cintra, publicado aos domingos, que dura até Maio de 1887, afecto ao Partido Progressista e financiado pelo cacique local desse partido, António Chaves Mazziotti. Custa 10 réis, nele tendo colaborado Barreiros Cardoso e António Cunha, figura referencial nos jornais editados durante este período. Dura até ao nº 49, e a tipografia situa-se na Rua Direita da Câmara.

Dezembro
8- Aparece O Cintrense, bi-semanário, e pela primeira vez circulam 2 jornais em simultâneo. Até 15 de Abril de 1886, publicam-se 17 números. Director João Wagner Russell Júnior

15- Morre D. Fernando II, fazendo a condessa d’Edla legatária de todos os seus bens, incluindo o Palácio e Parque da Pena. O seu corpo jaz ao lado de D. Maria II, sua primeira esposa, no Panteão dos Braganças, em São Vicente de Fora, Lisboa. Á morte de D. Fernando ainda havia alguns trabalhos a decorrer na Pena.


Fernando II (nome completo em alemão: Ferdinand August Franz Anton von Sachsen-Coburg und Gotha; Viena, 29 de outubro de 1816 – Lisboa, 15 de dezembro de 1885) foi o primeiro marido da rainha D. Maria II e Príncipe Consorte de Portugal, entre de 1836 até 1837, altura em que se tornou Rei Consorte de Portugal e dos Algarves com o nascimento do primeiro filho, como previsto na constituição. Era o filho mais velho do príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota e da sua esposa, a princesa Maria Antónia de Koháry.

Fernando casou-se com D. Maria em 1836, tornando-se príncipe consorte de Portugal. Em conformidade com a lei portuguesa da época, D. Fernando apenas seria rei com a sua esposa após o nascimento do seu primeiro filho, que nasceria um ano depois, o futuro rei D. Pedro V.

Apesar de monarca iuris uxoris, com direito a título e numeração próprios, e de comandante supremo do Exército, dignidades atribuídas a D. Fernando II, a Carta Constitucional reservava as funções políticas de Chefe de Estado para a Soberana, sua esposa. D. Maria II morre em 1853, terminando igualmente o reinado de D. Fernando II. No dia em que enviuvou prestou juramento como Regente do Reino, exercendo estas funções até à maioridade de D. Pedro V em 1855.

Como amante das belas-artes, focou-se durante toda a sua vida nas artes, o que lhe valeu o cognome de o Rei Artista.

Foi o primogénito do príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, irmão do duque Ernesto I e do rei Leopoldo I dos Belgas, e da sua esposa, Maria Antónia de Koháry. Teve três irmãos mais novos: Augusto, Vitória e Leopoldo.

Durante a infância o príncipe cresceu em várias terras pertencentes à sua família na actual Eslováquia e nas cortes austríaca e germânica.

Em 1835, como D. Maria II enviuvou meses depois do seu primeiro casamento com o príncipe Augusto de Beauharnais, D. Fernando foi escolhido para novo esposo da soberana.

As negociações do casamento foram dirigidas por D. Francisco de Almeida Portugal, Conde de Lavradio, tendo o contrato matrimonial sido assinado em 1 de Dezembro de 1835, com o barão de Carlowit em representação do duque reinante de Saxe-Coburgo, e o barão de Stockmar em representação do príncipe Fernando, seu pai.

A 1 de Janeiro de 1836, casa-se com D. Maria II por procuração, e assina o decreto nomeando D. Fernando marechal-general do Exército, posto reservado ao próprio Rei, na sua função de Comandante Supremo do Exército.

D. Fernando partiu de Coburgo, atravessou a Bélgica, e embarcou em Oostende para Lisboa, onde chegou a 8 de Abril. A cerimónia do casamento realizou-se no dia seguinte. A nomeação de D. Fernando enquanto marechal-general gerou polémica entre os liberais mas, uma vez que essa dignidade já houvera sido conferida ao príncipe D. Augusto, o governo não podia deixar de comprometer-se com a rainha.

De acordo com a lei Portuguesa, enquanto marido da rainha reinante, D. Fernando só poderia receber o título de rei após o nascimento do primeiro herdeiro (foi por este motivo que o primeiro marido da rainha, Augusto de Beauharnais, nunca foi rei) D. Fernando foi, portanto, príncipe de Portugal até ao nascimento do futuro D. Pedro V em 1837.

Foi eleito, a 4 de Maio de 1836, presidente da Academia Real das Ciências.

D. Fernando evitou envolver-se no panorama político, preferindo dedicar-se às artes. Por ocasião da fundação da Academia de Belas-Artes de Lisboa a 25 de Outubro de 1836, D. Fernando e a rainha declaram-se seus protectores.

Após uma visita ao Mosteiro da Batalha (que se encontrava abandonado, depois das extinção das ordens religiosas), D. Fernando passa a dedicar parte das suas preocupações às causas de cariz nacionalista, como a protecção do património arquitectónico português edificado, tendo também impulsionado aspectos culturais e financeiros, a par do estímulo à acção desenvolvida por sociedades eruditas, como projectos de restauração e manutenção respeitantes não só à vila da Batalha, mas também ao Convento de Mafra, Convento de Cristo, em Tomar, ao Mosteiro dos Jerónimos, Sé de Lisboa, e Torre de Belém.

Como amante de pintura que era, colaborou com algumas gravuras de sua autoria, na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865).

Em 1869, D. Fernando casa-se pela segunda vez, morganaticamente, com Elise Hensler, depois tornada Condessa d’Edla, que era uma cantora de ópera e mãe solteira, a quem viria a deixar como herança o Palácio da Pena, cuja construção foi da sua inteira responsabilidade, sendo entregue ao engenheiro alemão Wilhelm Ludwig von Eschwege que realizou projecto.

Em 1862, depois de uma revolta na Grécia contra o rei Oto I, D. Fernando II foi convidado a subir ao trono grego, proposta que recusou.

Em 1868, com a revolução que expulsou a rainha Isabel II da Espanha e toda a sua família, e o governo provisório espanhol, não se desejando estabelecer uma república, ofereceram a coroa a D. Fernando II, então com quarenta e nove anos, proposta que D. Fernando também rejeitou.

Pouco antes da sua morte D. Fernando começou a sofrer a dolorosa enfermidade a que não resistiu, o seu corpo jaz ao lado de D. Maria II, sua primeira esposa, no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Reproduzimos aqui parte do testamento de D.Fernando II:

Eu,rei D.Fernando,faço este meu testamento cerrado e disposições de minha última vontade,nos termos seguintes:

Professo a religião católica apostólica romana,na qual sinceramente creio e com cuja fé professo morrer.Declaro que nasci em Viena, Áustria,e que sou filho do duque de Saxe-Coburgo-Gotha e da duquesa Antónia de Saxe Coburgo Gotha(princesa de Kohary);que fui casado em primeiras núpcias com a rainha de Portugal D.Maria II.Dos filhos que do nosso consórcio houve, hoje somente existem el-rei D.Luís I, a infanta D.Antónia (princesa de Hohenzollern),e o infante D.Augusto, os quais, incluindo os filhos da minha falecida filha, a infanta D.Maria Ana(princesa de Saxe),são por direito os herdeiros de duas terças partes dos meus bens, direitos e acções.

Declaro que em segundas núpcias sou casado com a senhora D.Elisa Frederica Hensler, condessa dEdla,tendo tido lugar o nosso consórcio no dia 10 de Junho do ano de 1869,na capela real da sereníssima senhora infanta D.Isabel Maria, em Benfica, não tendo precedido contrato antenupcial.

Por isso o nosso casamento foi feito nos termos do artº 1235º do Código Civil, não comunicando as duas terças partes dos bens que possuía ao tempo do casamento com a minha esposa, conforme o parágrafo 4º do artigo 1109º do mesmo Código. Portanto, constituo a minha muito amada esposa a senhora condessa d’Edla legatária de tudo o que por lei posso dispor. Quero que nos bens que couberem a minha esposa se compreendam os seguintes: móveis, objectos de arte, pratas, loiças, quadros, etc,que se acham nos aposentos ocupados por minha esposa no todo ou em parte, à sua livre escolha, todas as minhas propriedades situadas no concelho de Sintra, tais como, palácio da Pena e pertences, incluindo os chalets, castelo dos Mouros, quinta da Abelheira e pertences, São Miguel e pertences, as tapadas ultimamente compradas, incluindo a tapada nova dos Capuchos, assim como a mobília, prata, loiças e mais recheio do palácio da Pena, dos chalets e das outras casas acima mencionadas.

Peço a minha querida esposa que conserve por minha memória o mesmo sistema de disposição geral das plantações(…)sendo este sistema o único possível e apropriado a estes sítios para lhes conservar aquele carácter sui generis que todos lhe reconhecemos.

Lisboa,Paço das Necessidades,aos 13 de Janeiro de 1885

Construção da Rampa da Pena e das estradas de acessos às quintas.
É presidente da Câmara José Joaquim Lopes Gonçalves, conhecido como o “Gato Amarelo”, dono de uma botica na Vila

27- Uma comissão de sintrenses, reunida no Jornal de Cintra, decide organizar um corpo de bombeiros

Azenhas do Mar

1886

Janeiro

8- Na Baixa do Broeiro, perto do Cabo da Roca, afunda-se o navio inglês Carnishman

Maio

26-O futuro Rei D. Carlos e D. Amélia de Orleães (reis de Portugal a partir de 1889) passam a lua-de-mel na Quinta do Relógio, após o casamento, celebrado em 22 de Maio na igreja de S. Domingos, em Lisboa

Francis Cook (foto de família,abaixo) torna-se Baronet, passando a ser Sir Francis Cook.

Início da construção do Chalé Biester, segundo projeto de José Luís Monteiro. Internamente, o arquiteto teve a colaboração de dois não menos ilustres artistas, Manini, na pintura decorativa, e Leandro Braga, na escultura em madeira, que empregaram na soberba vivenda todos os seus belos dotes artísticos. Os restantes intervenientes foram: Baeta, na pintura de arauto na entrada, Paul Baudry, nos frescos, Rafael Bordalo Pinheiro -azulejos, José da Quinta – guarnição metálica do fogão da sala de jantar, Domingos António de Sousa Meira – estuques, Champ Vert – vitrais, F. Nogret – jardim, mestre Costa – carpintaria, e o seu sobrinho Carlos da Costa Soares – carpintaria.

Realiza-se no Parque da Pena um inventário da flora do parque.

Segundo uma ilustração de Haupt, no Paço Real a escadaria da fachada principal localiza-se à esquerda, dando acesso directo a uma porta rectangular aberta no 1º arco quebrado, e estando os seguintes entaipados e providos de janelas duplas em arco pleno.

Fundação da povoação da Praia das Maçãs, após a construção da estrada entre a Várzea de Colares e a Praia das Maçãs.

Várzea de Colares

Setembro

Realização de récita no Theatro de S. Pedro de Cintra

26-Chega a Sintra a primeira locomotiva do caminho de ferro

Lino António da Costa é presidente da Câmara Municipal de Sintra

Hotel Costa, na Vila

1887

Construção do Hotel Éden em Colares pelo industrial José Inácio Costa. Uma vez construído, arrendou-o um tal Manuel Iglésias, que se encarregou de o transformar num importante centro de turismo.José Inácio da Costa construiu igualmente as Vilas Alda e Ema, para suas filhas (onde hoje se localizam os correios e a farmácia), tendo contribuído com 240$000 réis para a estrada da praia.

Mais tarde foi vendido ao pintor Veloso Salgado, que em Colares se fixou e o transformou numa residência de férias. Por lá passaram Alfredo Keil, Fidelino Figueiredo, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, e até, na década de cinquenta, a equipa do Sport Lisboa e Benfica, treinada por Otto Glória. Ficaram famosos os saraus de piano, alguns de Viana da Mota, morador em Colares nessa época, que fizeram do local um recanto aprazível e único.

Os trabalhos de plantação e manutenção dos jardins do Palácio de Monserrate são entregues a Walter Oates.

Fundada a Escola Agrícola Colonial de Sintra na Quinta do Bom Despacho pelo Ministério da Marinha e das Colónias. A componente prática do curso de agronomia passou a efectuar-se na Granja do Marquês, em Sintra. A reorganização de cadeiras em ciências preparatórias e ciências técnicas, criou uma primeira cadeira, Agrologia e Culturas Arvenses, e uma segunda englobava as matérias Topografia, Arboricultura e Silvicultura.

Construção da fonte e do lago na Villa Roma, servidos por água vinda de um terreno de 19 hectares adquirido para o seu fornecimento.

Abril

2- O comboio circula entre Alcântara Terra e Sintra

ANTECEDENTES

A Linha de Sintra viu o seu primeiro troço, entre Alcântara-Terra e Sintra inaugurado em 2 de Abril de 1887, tendo a ligação até ao Rossio sido aberta em Junho de 1891. O primeiro projecto para a instalação de uma ligação ferroviária até Sintra foi apresentado pelo Conde Claranges Lucotte, que propôs um caminho de ferro entre o Forte de São Paulo, em Lisboa e Sintra, passando pelo Vale de Algés, com dois ramais, para Colares e Cascais

O contrato foi assinado em 30 de Setembro de 1854 e aprovado por uma lei de 26 de Julho do ano seguinte; no entanto, e apesar de já terem sido efectuados alguns trabalhos, surgiram várias dificuldades, que levaram à rescisão do contrato, em 27 de Março de 1861 Em 25 de Outubro de 1869, o governo autorizou o Duque de Saldanha a construir uma ligação ferroviária sobre a estrada, em sistema Larmanjat, para ligar as localidades de Lumiar, Torres Vedras, Caldas da Rainha e Alcobaça; o contrato foi expandido até Sintra e Cascais em 1871, mas vários problemas provocaram o encerramento deste caminho de ferro, em 1877.

Em 1870 o engenheiro Thomé de Gamond apresentou um outro projecto, com 45 quilómetros, que se iniciava no Embarcadouro de Leste, em Lisboa, e terminava em Colares, passando em frente à Praça do Comércio, e por Belém, Caxias, Paço de Arcos, Oleiros, São Julião, Murtal, Estoril, Cascais, Alcabideche, e Sintra.

Em Janeiro de 1880 foi debatido no parlamento um contrato, assinado no mesmo mês com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a construção de uma linha entre a Estação de Santa Apolónia e Pombal, passando pelo Vale de Chelas e pelas localidades de Torres Vedras, Caldas da Rainha, São Martinho e Marinha Grande; o governo apoiaria este projecto, com uma garantia de juro de 6% sobre a exploração.

No entanto, esta proposta foi cancelada devido à queda do governo, pelo que a Companhia apresentou um novo plano ao parlamento, que consistia em dois grupos de linhas; o primeiro agrupamento era composto por uma ligação entre Alcântara e Torres Vedras, com ramais para Sintra e Merceana, enquanto que o segundo grupo continuava a linha até à Figueira da Foz e Alfarelos.

O governo estipulou que a construção do primeiro grupo de linhas seria contratado com a empresa Henry Burnay & Co., enquanto que as restantes ligações ficariam a cargo da Companhia Real; no entanto, esta discordou da decisão, e, em 9 de Maio de 1883 chegou a acordo com a casa Burnay para assumir a construção do primeiro grupo, tendo o respectivo trespasse sido oficialmente pedido em em 15 de Maio de 1885, e autorizado por um despacho ministerial de 28 de Julho, com uma garantia de juro de 5%.

A construção fez-se a bom ritmo, respeitando os trâmites firmados com o governo, tendo a ligação entre as Estações de Alcântara-Terra e Sintra sido estabelecida em 2 de Abril de 1887.

A Imprensa reporta negativamente umas manobras militares que tiveram lugar no Sabugo, no Verão:

“O que se verificou no exercício do Sabugo, foi verdadeiramente extraordinário a começar pela maneira incompetentíssima como se manifestou a Administração Militar, que não soube cumprir os mais elementares preceitos das funções que tinha de desempenhar. E a prova disso são factos seguintes:

No Sabugo, as forças que representaram o inimigo não tiveram abastecimento de qualidade alguma durante cerca de quinze horas que ali permaneceram. Imagine-se que esta famosa Administração era encarregada de desempenhar as suas funções em tempo de guerra?!

O Sabugo foi um SEDAN (batalha onde a Prússia derrotou a França e ficou prisioneiro  Napoleão III), para o exercito Português, onde só faltou e felizmente, não haver mortes a lastimar.

No Sabugo tudo aconteceu por incúria. Todos sabem que as tropas francesas sofreram revezes, entre outras coisas, por causa da sua administração militar, que forneceu BOTAS COM SOLAS DE PAPELÃO. No Sabugo o fornecedor de Infantaria 23 com quartel em Coimbra, e do qual algumas praças participaram no exercício, forneceu BOTAS COM SOLAS DE CASCAS DE ÁRVORES”.

Julho

10-Publica-se O Clamor de Cintra, com tiragem de 5000 exemplares, dirigido por José Sampaio e Castro. Até 20 de Janeiro de 1889.

22-Primeira corrida na nova Praça de Touros
Manuel Joaquim de Oliveira presidente da Câmara
Em 1887 a Câmara tem de receita 20.221 réis e despesa 20.131 réis, tendo sido reparados muitos caminhos e 12 fontes do concelho

Outubro

5-O Largo da Feira, em S. Pedro, passa a chamar-se, por deliberação camarária, Largo D. Fernando II (anteriormente chamado Largo do Chão dos Maias, ciganos que ali acampavam).

Dezembro

4-A Junta da Paróquia de São Pedro de Penaferrim toma conta dos bens da Irmandade das Almas da Igreja de S. Pedro de Penaferrim

Estação do Cacém, 1887


1888

Lino de Assunção escreve Cintra, Colares e Seus Arredores

Fevereiro


12- Surge A Bisnaga, jornal burlesco, de que se publica um único número, e cujo director assina o curioso nome de N.O.C.U. Meta.O.Nariz

Maio

16-Visita a Sintra do rei da Suécia Óscar II, sendo administrador do concelho Araújo Juzarte

Publicação do romance Os Maias, de Eça de Queirós, passando-se muitos dos seus episódios em Sintra.

Foi em Fevereiro de 1888 que deu à estampa no Porto uma das obras-primas da literatura portuguesa, “Os Maias” de Eça de Queirós. No capítulo VIII, Eça descreve o passeio de Carlos e Cruges por Sintra. Carlos procura Cruges na sua residência em Lisboa, mas vem a encontrá-lo na Rua de S. Francisco, casa da sua mãe, que lhe implora para trazer queijadas. Os dois partem em direcção à vila num break, e ao chegarem perto de Sintra, Carlos avisa Cruges que não se dirigem para o Lawrence’s, mas sim para o Hotel Nunes. No Nunes, encontram Eusebiozinho Silveira, obeso e viúvo, acompanhado por Palma Cavalão e por duas espanholas, a Lola e a Concha (‘um mulherão’). Palma demonstra um machismo profundo, e Eusébio mostra-se cobarde ao não admitir que trouxera Concha consigo para Sintra; esta sente-se furiosa com a sua atitude e sai da sala do hotel. Carlos fica desiludido por não encontrar a mulher misteriosa (que sabemos ser Maria Eduarda, mais tarde divulgada como irmã de Carlos) pela qual empreendeu aquela viagem a Sintra.

Na estrada que vai dar a Colares, o break passa pelo Lawrence’s, sem lhe dar muita atenção, partindo em direcção a Seteais, pois Cruges não conhecia Sintra muito bem e recordava-se apenas da imponência do palácio. Carlos recebe então um indício da aproximação da mulher que procura: ouve uma flauta, que o leva a pensar que Castro Gomes (suposto marido de Maria Eduarda, que toca esse instrumento) está perto. Passam pela cascata dos Pisões, quando lhes aparece Tomás de Alencar, o poeta romântico que fora amigo de Pedro da Maia, pai de Carlos, e que acede a regressar a Seteais com eles, recordando os tempos lá passados. Ao chegarem a Seteais Cruges sente-se desiludido com o que observa, mas Alencar começa a contar histórias e a recitar poemas que logo revitalizam a beleza de Sintra.‘Tudo em Sintra é divino. Não há cantinho que não seja um poema…’. Carlos, Alencar e Cruges são abordados por burriqueiros, que levam as pessoas até ao Palácio da Pena, mas decidem partir primeiro para a Lawrence, Carlos decidido a perguntar por aquela mulher e Cruges decidido a conhecer o hotel.

Carlos recebe novos indícios da aproximação de Maria Eduarda: ao perguntar aos burriqueiros  junto ao Lawrence por uma família com as características pretendidas, recebe indicações de que uma senhora alta, com um sujeito de barba preta e uma cadelinha, se tinham dirigido à Pena. Ao decidir seguir caminho para o palácio, avista a família da qual os burriqueiros lhe tinham falado: ‘Era, com efeito, um sujeito de barba preta (…); e, ao lado dele, uma matrona enorme (…) e o cãozinho felpudo ao colo’. Mas não era ela. Abandonando os amigos, Carlos questiona o criado do hotel, que lhe diz que ‘… o Sr. Salcede e os senhores Castro Gomes tinham partido na véspera para Mafra…’, e de lá para Lisboa. O criado concede-lhe mais informações, como o facto de ter sido Maria Eduarda a apresar a partida, devido à preocupação com a filha, que ficara em Lisboa. Carlos cai num conflito interior e toma consciência da decadência para que está a ser arrastado por aquela paixão misteriosa: só a vira uma vez.

Alencar e Cruges encontram Carlos perdido nos seus pensamentos, e decidem jantar na Lawrence antes de partirem todos para Lisboa e o primeiro manda preparar o bacalhau à Alencar. Dirigem-se ao Nunes para pagar a conta, e reencontram Eusébio e Palma com as duas espanholas, a jogar à bisca. Às nove horas, ao luar, Alencar, Carlos e Cruges entram no break e partem para Lisboa, com Carlos frustrado por não a ter encontrado. Alencar é o único que parece algo contente, recitando poesia, enquanto Cruges se lembra então das queijadas para a mãe, esquecidas afinal.

Demolição do “Arco do Marquês”, nas imediações da Fonte da Pipa

Um guia de Sintra desta data refere a fonte dos Pisões ainda na sua versão setecentista.
Inaugurada a rede de abastecimento de água em regime de concessão a Paulo de Azevedo Chaves (até 1920)

Colares

1889

Janeiro

Fundada a Sociedade União Recreativa, que em 1891 integrará a Associação de Socorros Mútuos 3 de Outubro de 1884

23-Francisco Antunes das Neves tira licença para um veículo de duas rodas, puxado a cavalo, com o qual ia a Lisboa vender queijadas da Sapa


Fevereiro
9- Assassinado Joaquim Leonardo, homem bom de Albarraque

Correnteza

Junho

8- Naufrágio na Baixa do Broeiro, Cabo da Roca, do Fernando, vapor de pesca português.

25-O Palácio da Pena é adquirido pelo Estado, pelo valor de 310 contos, mantendo a condessa d’Edla o usufruto do Chalé e do Parque e passando a ser utilizado regularmente pela Rainha D. Amélia.

Julho

O Palácio de Seteais é hipotecado provisoriamente a favor da Companhia Geral de Crédito Predial Português, da Firma Fonseca, Santos & Viana.

Setembro

1- É criada a Associação dos Bombeiros Voluntários de Sintra

Novembro

Penhora do Palácio de Seteais a favor de Domingos Francisco de Assis, João Narciso Oliva e José Daniel da Silva Tavares.

São colocados vitrais, franceses, com as inscrições ” Hubert – Paris” e ” Champ Vert” na Quinta de Ernesto Biester.

Burnswick descreve o Convento dos Capuchos como “situado no centro d’uma triste solidão, rodeado pela aridez, e açoutado pelos vendavaes (…), este pequeno mosteiro aberto na rocha e contendo umas doze cellas nas quaes (mal) se podiam mover os seus desgraçados habitantes”
Início da construção da Vila Guida, de Alfredo Keil, na Praia das Maçãs

António Chaves Mazziotti é eleito para as Cortes representando o círculo eleitoral onde se incluía Sintra. Foi reeleito em 1897, 1899 e 1900 

1890

O milionário russo Arsénio Morózov (1873—1908) viaja por Portugal e Espanha, acompanhado pelo seu amigo, o arquiteto Víctor Mazyrin (1859—1919). e ficam tão profundamente impressionados com o Palácio da Pena, que Morózov se entusiasmou com a ideia de erguer em Moscovo uma casa-castelo que recriasse em traços gerais o estilo da Pena. Em 1895 mandou erguer uma edificação parecida na central rua Vozdvizhenka, projeto de Mazyrin.

Até 1923- Construção dos lagos ornamentais na Quinta de Monserrate.

Projecto da vila Sasseti (Quinta da Amizade), da autoria de Luigi Manini.

Victor Carlos Sassetti nasceu em Sintra, no dia 20 de Outubro de 1851. Ao longo da sua vida, “foi proprietário e capitalista homem de grande atividade e muito inteligente, trabalhador prestimoso e de afabilidade que encantava, Victor Sassetti foi um caráter extremamente bondoso e de tal pureza, que a todos inspirava respeito e simpatias” (in Diário de Notícias, 07 de Dezembro de 1915, p. 2).

Nascido e criado em Sintra, foi também aí que explorou o Hotel Victor que herdou dos seus pais, Carlos (1815-1858) e Henriqueta Frederica Sassetti, recebendo ainda como herança a propriedade da Quinta de Fanares, situada em Mem Martins e famosa pela produção de manteiga, que aliás, abastecia os hotéis da família.

Contudo, foi a exploração do Braganza Hotel, em Lisboa, que fez dele um destacado empresário junto dos seus congéneres. A escritura para exploração do Braganza Hotel aconteceu no dia 10 de Novembro de 1876 e esteve sobre a sua gestão até final de Dezembro de 1911. Foi um dos hotéis mais procurados da capital, e para isso contribuiu uma decoração que lhe deu uma nova alma. As pessoas que frequentaram esta unidade hoteleira foram as mais ilustres, desde aristocratas, políticos, diplomatas a artistas de ópera, etc.… Rapidamente Victor Carlos Sassetti criou fama e, sobretudo, uma considerável fortuna. Carlos Sassetti, pai de Victor Sassetti, fundou o hotel Victor em Sintra no ano de 1850. Até cerca de 1890, a vila de Sintra era um dos locais de eleição da aristocracia para passar o período de verão. Até essa data foram muitas as personalidades, sobretudo ligadas às artes e letras, que passaram pelo famoso hotel Victor, tais como, Ramalho Ortigão ou o escritor Alberto Pimentel que ali escreveu a obra Noites de Sintra. O hotel foi eternizado na obra literária de Eça de Queirós como um notável lugar.

O sonho de Victor Sassetti, de construir um chalé em plena serra de Sintra, começou a tomar forma a partir de 1885. O ponto de partida foi a aquisição de alguns terrenos em plena serra, entre o Castelo dos Mouros e a vila de Sintra. Como homem discreto que era, Sassetti encomendou uma obra igualmente discreta, dissimulada por entre os penhascos, ou seja, que não desse nas vistas, por um lado, mas que simultaneamente aproveitasse todas as vistas possíveis de tão privilegiado lugar. 1890 foi o ano da encomenda. O arquiteto escolhido foi Luigi Manini (1848-1936) que estava agora a dar os primeiros passos na sua nova profissão executando o projeto arquitetónico exterior do Hotel do Buçaco e os frescos para o vizinho chalé Biester. Contudo, Manini, já tinha dado grandes provas da sua competência como cenógrafo no Teatro Nacional de São Carlos e no Teatro Nacional de D. Maria II, para além de ter, entre 1887 e 1888, trabalhado no projeto de decoração do Braganza Hotel, em Lisboa. A grande amizade entre o arquiteto e Victor Sassetti teve aqui o seu início e prolongar-se-ia pelo resto da vida.

A nova morada de Sassetti, inserida de uma forma quase perfeita na paisagem da serra de Sintra, iniciou a sua construção em 1890 e ficou terminada quatro anos mais tarde. A escritura data de 16 de Abril de 1894. Poucos anos mais tarde, Manini alterou o projeto na sequência de um pedido do proprietário para ampliar o espaço habitável. Inspirado no estilo florentino quatrocentista, destaca-se pela originalidade da estrutura decorativa e pela analogia ao estilo rústico. A partir de um torreão central, com três registos, estendem-se diferentes volumetrias desniveladas e construídas em pedra. Das fachadas, rasgam-se janelas de sabor arabizante, em certos casos maineladas, emolduradas por arcos de tijolos, aproximando-se assim das míticas origens árabes da vila de Sintra e harmonizando o complexo conjunto de volumetrias. Os balcões permitem ao observador desfrutar de alargados panoramas sobre a planície saloia, o mar e vários palácios, para além da vista da própria serra de Sintra, por si só, de excecional beleza. O trabalho de Manini não incidiu apenas no projeto e realização da estrutura edificada, mas também na planificação e realização do jardim envolvente, que o obrigou a sintetizar devido ao espaço exíguo disponível. Ainda assim conseguiu criar diversos ambientes como regatos, cascatas, fios de água e pequenos lagos que se articulam num terreno desnivelado e propõem um ambiente magnífico ao observador que se vê envolvido numa componente vegetal estrategicamente elaborada para criar um cenário privilegiado.

Edição da revista O Atheneu. Quinzenal, versando assuntos de educação e recreio, com 8 páginas, e dirigido por António Augusto Rodrigues da Cunha.

Março

Publica-se a Gazeta de Cintra, orientada por Sampaio e Castro, com tiragens entre os 3000 e os 5000 exemplares, com tipografia própria na R. do Theatro nº 29.Até 22 de Outubro de 1910.

 9-Fundação dos Bombeiros de Colares e inauguração da “estação de incêndios”. A data oficial da fundação da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Colares remonta ao dia 9 de Março de 1890, sendo, por essa razão, a mais antiga corporação de bombeiros do concelho de Sintra.

Naquela época, constituiu-se, numa primeira fase, como 5.ª Esquadra da Real Associação de Bombeiros Voluntários da Ajuda por intervenção de Eduardo Rodrigues da Costa, grande benemérito da Vila de Colares, sócio da Real Associação e membro deste corpo de bombeiros, a quem ficou incumbida a chefia da nova esquadra, da qual era Comandante o Infante D. Afonso Henriques, Duque do Porto.

Mais tarde, Eduardo Rodrigues da Costa foi nomeado Comandante da novel Associação dos Bombeiros Voluntários de Colares, iniciando-se assim uma caminhada de distintos serviços à comunidade até aos dias de hoje.

Soldados no Palácio da Vila

O 5º conde de Ficalho é eleito para as cortes em representação de Sintra. Reeleito em 1892 e 1894.

António Máximo de Almeida Costa e Silva (1847-1920), 5.º conde de Ficalho, foi eleito deputado em 1890, 1892 e 1894. Nasceu a 3 de Julho de 1847 e morreu a 11 de Novembro de 1920. Era filho de Francisco Joaquim da Costa e Silva, deputado e par do Reino, e de Margarida Helena de Almeida e Costa, sendo neto paterno do par do Reino, António da Costa e Silva, 1.º visconde de Ovar. Casou com Maria Josefa de Melo, 5.ª condessa de Ficalho (2.6.1888), pelo que era genro do par do Reino, Francisco Manuel de Melo Breyner, 4.º conde de Ficalho. O 5.º conde de Ficalho era oficial-mor da Casa Real e foi nomeado adido à embaixada em Roma a 4.5.1883. Foi deputado, eleito em 1890, 1892 e 1894 pelo círculo uninominal de Sintra, integrando a lista dos Regeneradores, e participou nas legislaturas de 1890-1892, 1893 e 1894.

Fez parte da Comissão da Fazenda, (1891, 1892 e 1893) e da Comissão de Petições (1890). Sucedeu ao pai no lugar de par do Reino (6.2.1902). Na câmara alta pertenceu às comissões do Ultramar (1904), de Paz e Arbitragem (1904, 1905 e 1909), Comércio e Indústria (1905 e 1906), de Verificação de Poderes (1906 a 1908) e de Petições (1906). Em 1902 apresentou um projecto de lei para autorizar o dispêndio da verba necessária para adquirir um busto em mármore ou bronze do professor Manuel Bento de Sousa, a ser colocado no edifício da Escola Médico-Cirúrgica.

Em 1905 declarou pertencer ao Partido Regenerador-Liberal. No ano seguinte (5.10.1906) requereu que pela estatística da Alfândega do Porto, lhe fosse enviada a certidão do número de pipas com vinhos exportados pela barra do Porto, com a designação de vinho de Colares; pela fiscalização do Governo junto do caminho-de-ferro do Norte e Leste, lhe fosse enviada uma nota com o número de cascos de vinho de Torres, ou outra qualquer procedência, despachados da estação de Sintra.

Abril

Francisco Antunes das Neves instala a venda de queijadas da Sapa no prédio da Volta do Duche, antes propriedade de Guilhermina Gallwey

30-Inscrição do prédio da Regaleira a favor de Paulo Carlos Allen, 3º Barão da Regaleira, após a morte da sua mãe, D. Maria Isabel Allen, sendo-lhe atribuído o valor de 32 500$000 réis.

Junho

24-Fundada a Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Sintra, sendo seu primeiro comandante João Augusto Cunha(foto abaixo)

Agosto

22- Por falecimento de D. Carlota Franzini, a propriedade do Convento da Trindade passa para sua filha, D. Carlota Augusta Franzini de Almeida Soares e  marido, o general Diogo Alexandre de Almeida Soares. Breve história da propriedade:

1347 – Alguns frades do Convento da Trindade de Lisboa instalam-se na serra de Sintra, ocupando a Ermida de Santo Amaro e algumas grutas, existentes dentro da cerca do actual convento. Entre estes frades contavam-se Fr. Álvaro de Castro, filho do 1º Conde de Arraiolos, 1º Condestável do Reino, e irmão de Inês de Castro, Fr. João de Évora, confessor do rei D. João I e futuro Bispo de Viseu e Frei João de Lisboa, confessor da Rainha D. Leonor;

1410 – Carta régia de D. João I concedendo privilégios para a fundação de um convento de religiosos da ordem da Santíssima Trindade em Sintra;

1410 ou 1416 – Fundação do convento por acção do rei D. João I ou de Fr. Sebastião de Meneses, no local onde já existia uma ermida com a invocação de Santo Amaro;

1500 – Reconstrução do convento, que estava arruinado, sob o patrocínio do rei D. Manuel;

1572 – Reedificação do complexo conventual por iniciativa do provincial trinitário Fr. Baptista de Jesus;

1590 – Concedida uma sepultura a Tomás de Paiva e a sua mulher Margarida Loba;

c. 1600 – Revestimento azulejar da capelinha da cerca;

1689, Nov. – Decorrem no convento grandes obras de reconstrução, sendo solicitada a nomeação de um mamposteiro para a Igreja de Santa Maria, para recolha de esmolas para as obras do convento;

1755 – Reedificação do convento, na sequência de danos causados pelo terramoto;

1834 – Expulsão das ordens religiosas, implicando a dispersão do recheio do convento, vendido em hasta pública a Máximo José dos Reis, capitão-mor de Sintra, a António Gomes Barreto, Administrador do Concelho e a Joaquim Duarte; auto de arrematação a favor do então Marquês de Saldanha, João Carlos Gregório Domingues Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun (1790-1876), do direito de arrendamento do convento e sua cerca pelo prazo de um ano;

1835 – a propriedade é adquirida pelo marechal Saldanha;

1848 – A propriedade era já pertença do conselheiro Marino Miguel Franzini;

1874, 26 outubro – por morte de Marino Franzini, a propriedade passa para a viúva, D. Carlota Sebastiana Gervasoni Franzini;

A Vila Guida, na Praia das Maçãs, de Alfredo Keil

29- Concluída a capela da Praia das Maçãs. Foi construída pelo compositor, pintor e poeta Alfredo Keil (o mesmo que escreveu a música do hino nacional), que lhe deu o nome da filha Guida e no jardim mandou construir uma ermida.Desde então, a população tem utilizado este local de culto e organizado a procissão anual. Mas o relacionamento com Alfredo Keil nem sempre foi fácil.Consta que chegou a fechar a ermida porque se queixava que as saloias deixavam pulgas e cortavam as sardinheiras. Foi ai que surgiu a ideia de construir uma capela no rochedo, mas a obra nunca avançou

Outubro

5- Incêndio na Pena, na Ermida do Gigante
Fundada a Sociedade Filarmónica Boa União Montelavarense

1891

Abre o Colégio Francez, feminino, no nº 32 d a Av. Francisco de Almeida, fundado por Maria Augusta Tomazão

Janeiro

1-A Estudantina Serpa Pinto inaugura a sua sede na Rua dos Arcos, em S. Pedro

Maio

É inaugurada a estação do Rossio

Em Junho de 1888 já se tinham iniciado os trabalhos na via férrea urbana até ao Rossio. Os estudos geológicos para o túnel foram efectuados pelo professor Paul Choffat, e, em Abril de 1889 o túnel estava completamente perfurado, e a Estação Central já se encontrava construída; a primeira composição atravessou o túnel em Maio de 1889, mas só em Maio de 1891 é que foi efectuada a inauguração oficial, e, em Junho seguinte, deu-se a abertura à exploração.

Junho

Realiza-se a primeira viagem Rossio-Sintra de comboio

Agosto

29-Morre em Sintra o escritor Latino Coelho

Setembro

17- Inaugurado o Teatro Gil Vicente na então Rua do Carneiro, durante muito tempo local de diversão da Vila

18-Rezada a primeira missa na Praia das Maçãs, na capela da casa de Alfredo Keil

Novembro

1-Criada a Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Colares, sendo seu primeiro mestre Filipe Stoffel

Na Quinta da Regaleira são desanexados dois terrenos, onde se encontram dois tanques.

21-Nasce o primeiro habitante da Praia das Maçãs, Maria José Sequeira Paulo

Rainha D. Amélia em Sintra

1892

Janeiro

1-Fundada a Banda da Sociedade Recreativa Musical de Almoçageme com a designação de Grémio Republicano Musical de Almoçageme. Foi seu fundador, José Gomes da Silva, na intenção de, segundo consta, incrementar a Cultura, ao ponto de, além de ceder as primeiras sedes, fazer a aquisição de grande parte do instrumental a expensas suas, sendo o restante por subscrição pública

Março

24-A anteriormente denominada de “Sociedade União Recreativa 3 de Outubro de 1884” de São Pedro de Sintra é oficialmente criada como Associação de Socorros Mútuos 3 de Outubro de 1884

Junho
30- Edita-se a Folha de Cintra, dirigida por A.J.Rodrigues. Até Fevereiro de 1893.

 Outubro


20- Até Novembro de 1892, e sendo editados 5 números apenas, publica-se o Correio Cintrense, dirigido por Avelino de Almeida e Augusto de São Boaventura. Tem sede na Calçada da Biquinha nº3, na Vila Velha, no prédio onde nasceu Avelino de Almeida.

                                 A Vila Velha, ainda com a Alpendrada

A Peninha é adquirida pelo Conde de Almedina.

Outubro

15- Eduardo Leal e Manuel António Maltez pintam no Monte Fleuri os painéis de madeira, que outrora decoravam o topo da varanda
Novembro
11-Morre Pedro Cambournac, um dos fundadores da Tinturaria Cambournac, no Cacém.


1893

Carlos Adolpho Sauvinet compõe a sua obra Serra de Sintra

Durante o ano começa a funcionar o Club Estephania, no nº9 da Rua Alfredo Costa

Fevereiro


19- Sai o nº1 do Aurora de Sintra, órgão do Partido Regenerador, com 1000 exemplares de tiragem. É director Joaquim Velez de Faria e Abreu

Abril

Por causa de um artigo publicado no jornal Povo de Aveiro, batem-se em duelo, em Queluz, Gomes da Silva, do jornal O Dia, e Barbosa Cohen.

Maio

7- Começa a demolição da Alpendrada, na Vila Velha, o antigo mercado da vila de origem medieval, por deliberação da Câmara presidida pelo visconde da Idanha.

Junho

15-É organizada uma festa no Hospital da Misericórdia, por ocasião da visita da família real a Sintra.

Presos na cadeia da Vila

29- O padre Bento Menni(foto) funda a Casa de Saúde do Telhal, da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, para tratamento de doenças mentais.


Julho
2- Grande tourada na praça de Sintra, com a presença da rainha D. Amélia e dos infantes

Agosto

13-Grande incêndio num pinhal do Alto da Estephania pertencente ao Duque de Palmela

Outubro

Na sequência das festas em honra de Nossa Senhora da Graça, um foguete originou um enorme incêndio. A invulgar dimensão deste incêndio necessitou da intervenção dos Bombeiros de Colares, que foram fundamentais na sua resolução, mediante a utilização da bomba. Este e outros incêndios de menores proporções levou os almoçagemenses a constituírem a sua própria corporação de bombeiros, cuja ideia foi apadrinhada por José Gomes da Silva, comerciante de Vinho de Colares e capitalista, que já tinha também incentivado a criação da filarmónica local.

31-Leilão público da Quinta da Regaleira, hipotecada por dívidas. O Barão da Regaleira e esposa vendem a Quinta da Regaleira ao Dr. António Augusto de Carvalho Monteiro(foto abaixo)

Dezembro

10- Morre o comendador João Jesuíno Nogueira de Andrade

11- A Quinta da Regaleira é adquirida por António Augusto Carvalho Monteiro por 21.100 reais com registo de transmissão de direito pleno. Adquire também a parcela de terreno de pomar, jardins e castanhal, que estavam em posse de Manuel José Monteiro, e as duas parcelas desanexadas em 1891. Juntamente com o terreno que comprara ao Marquês da Praia e Monforte, a quinta assume a sua dimensão actual.

A Câmara Municipal de Sintra delibera aprovar o projecto e concessionar, a António Sarmento Pereira Brandão e a João Maria da Silva, a instalação e exploração da iluminação pública a gás.

1894

Fevereiro

18-O Jornal Aurora de Cintra publica um artigo sobre A Escola Agrícola Colonial de Cintra e a Congregação do Espirito Santo

Abril

16-Registo da propriedade da Quinta da Amizade, tendo esta já um terreno ajardinado e a casa concluída.Luigi Manini apresenta  novo projecto de ampliação da Quinta da Amizade, acrescentando ao imóvel alguns elementos de inspiração militar, que não serão concretizados.

Inauguração do novo Mercado da Vila, num terreno cedido por Henrique Silva Soares.

Queluz

Reclamações contra a presença da cadeia no centro da vila, «por virtude de os presos tomarem, através das grades, atitudes indecorosas e, ainda, por ter pouca capacidade, ser normal estarem menores em convívio com ladrões e assassinos, portanto em perigo moral».

Leandro Braga trabalha na decoração e mobiliário do salão, sala de jantar, gabinete e capela no Chalé Ernesto Biester.


Maio
6- Edição do jornal O Chicote, com 1 só exemplar, visando fustigar um tabelião de Belas, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Sintra, Joaquim Velez Faria de Abreu. É  seu editor António Augusto Rodrigues da Cunha.

Agosto

26-Incêndio perto da Cruz Alta

É inaugurada a segunda escola mais antiga do concelho, em Belas, designada “Visconde de Abuim”

1895

Construção do coreto do Penedo

Janeiro

Fundado o Clube Recreativo Familiar Cintrense, com sede na R. Gil Vicente

Surge o jornal humorístico O Ratão, com J.Freitas como redator.

Fevereiro

2-É fundada em S. Pedro a Sociedade Avante União Recreativa, na R. Serpa Pinto, antes designada Rua do Teatro

Está em atividade em Sintra a Igreja Lusitama, ramo dissidente da Igreja Católica Romana, que desenvolveu profícua atividade em Rio de Mouro no final do século XIX.

Abril

3- Os habitantes de Benfica pedem para fazer parte do concelho de Sintra, o que ocorreu entre 20 de Novembro desse ano e 1897.


Barcarena é integrada no concelho de Sintra, a quando da extinção do concelho de Oeiras 

Morre Francisco António Neves, da casa Sapa, e a fábrica torna-se Viúva Neves e Filho (Angelina Conceição Neves e António Francisco Neves)

Constitui-se a Associação dos Bombeiros Voluntários de Almoçageme, ano em que foi igualmente adquirido, em segunda mão, algum material de combate a incêndios aos Bombeiros de Lisboa, salientando-se a obtenção de uma bomba flaud, carreta, chupadores, agulhetas de bronze e um alter

Duplicação da via férrea entre Campolide e Cacém

Enviado para a Batalha de Marracuene de um contingente de caçadores de Sintra.

Julho

31-Da revista Sábado: Um dos primeiros pontos altos do Verão tinha aliás data marcada: 31 de Julho, o aniversário do irmão do Rei D. Carlos, o infante D. Afonso. Os festejos começavam com recepções ao início da tarde, no Paço da Pena, e prolongavam-se até à noite, com um baile de gala na Sala dos Cisnes do Paço de Sintra, ao som de valsas tocadas pela banda de Infantaria 1. Em 1895, na página 3 do Diário Ilustrado, na secção de High life – o equivalente da época às revistas sociais – a notícia do acontecimento terminava com a lista de presenças, que se estendia por 50 linhas, e incluía os principais membros da aristocracia, mas também o presidente do Conselho, Hintze Ribeiro, e cinco ministros.

Ao contrário do que possa parecer pelos convidados, o infante D. Afonso não exercia qualquer influência na corte. “Nunca tinha vintém. Os ajudantes ou oficiais às ordens não lhe emprestavam dinheiro, porque sabiam que ele não lhes pagava”, desvenda Raul Brandão nas suas memórias. A partir de 1902, o irmão do Rei tornou-se comandante honorário dos bombeiros, pelo que dispunha de um telefone especial em casa para ser informado das principais ocorrências. Mas sobressaiu essencialmente devido à sua paixão pelos carros. Ganhou até a alcunha de Arreda – por ser esse o grito que dava aos peões para se desviarem do caminho, numa altura em que só havia uma centena de automóveis em todo o País.

Numa carta ao irmão, citada na biografia de Rui Ramos sobre o penúltimo Rei de Portugal, falava com entusiasmo sobre o automóvel comprado em Itália (era fã da FIAT), que tinha “oito cavalos de força” e no qual atingiu a estonteante velocidade de “50 km em descidas, e 40 a 50 em caminho direito


Dezembro.

8- É fundado o grupo dos 14, com sede no piso intermédio do posterior Mercado da Vila

26- Um decreto classifica a comarca de Sintra como de 2ª classe

1896

Janeiro

26-Inaugurada a sede do Grupo dos 14, na Vila

Sintra cumpre a sua vocação de local de veraneio, com uma vida social em torno da Vila e das idas e vindas da família real e da aristocracia.

Carvalho Monteiro encomenda ao Arquitecto Henri Lusseau os projectos para um palacete, cocheiras e jardim; Carvalho Monteiro rejeita-os, e encomenda um outro projecto a Luigi Manini, que desenha minuciosamente todos os pormenores do Palácio da Regaleira; para os executar, recruta colaboradores da “Escola Livre das Artes do Desenho”.


Os Cambournac fixam a Fábrica Ceres em Agualva, de moagem a vapor

Março

19-Surge o Correio de Sintra. Dirigido por Raphael do Vale e editado em Lisboa na R. D. Pedro V por Garcia de Lima, custa 40 réis e publica-se aos domingos, intitulando-se “jornal politico, ilustrado, litterario e comercial”, com sede na Vila Estephanea, hoje bairro da Estefânea. é afeto ao Partido Regenerador.

Abre em Colares o Hotel Éden, com gerência de José Maria Passos


Abril
1- Abre o Hotel Nunes, na Vila

Abre a papelaria A Camélia


12- Dá-se nota da realização de um comício para preparação do 1º de Maio no quintal do senhor Manuel Galego, nas Lameiras


13-Morre José Inácio Costa, conhecido capitalista e filantropo de Colares, depois de parar para beber água na fonte da Sabuga


Casa o dr. Brandão de Vasconcelos, médico que haveria de deixar marca na via económica e cultural de Colares, com D. Rufina Madureira

Maio

7-Ocorre um incêndio numa adega de José Gomes da Silva, em Almoçageme, e no qual colaboraram José Francisco Pires, primeiro patrão, que coordenou os trabalhos e José Alfaiate, que se distinguiu pelo seu empenho e coragem.


A vida cultural é marcada pela Fanfarra União Sintrense, a Estudantina Maquieira, o Trio Paulus, que várias vezes actua no Teatro Minerva, em Colares, o sol-e-dó do grupo dos 20, ou o Grupo dos 14, fundado por um conjunto de personalidades que, com João Moreira(foto abaixo) à cabeça organiza diversas récitas e bailes

Inaugurado o teatro do grupo dos 14, com a peça de João Moreira, Solução e Termo e à qual assistem mais de 900 pessoas.


A vida social decorre nas colectividades e cafés, com destaque já nessa altura, igualmente, para a Sociedade União Sintrense, a tasca do Peixe Frito, o café Universal, de Afonso Gameiro da Costa, o restaurante e hotel Silva, o Hotel União, o Nunes ou o Netto



Greve dos pedreiros e cabouqueiros de Montelavar


A imprensa relata, indignada, o corte de um castanheiro da Índia em Colares, reagindo com ira e dizendo ser preciso “dar caça aos malvados authores de semelhantes proezas”


Por essa altura, o Correio de Sintra lança um folhetim semanal, O Segredo de uma Campa

Junho 
Ocorre um acidente com andaimes no Palácio da Pena, de que resultam 3 feridos

Estrada da Granja do Marquês, 1896


5- A esquadra inglesa fundeada no Tejo é obsequiada com uma recepção na Pena para 70 talheres.


Em S. Pedro, surge o Grupo d’Avante Recreativo, com sede na R. Serpa Pinto

20-Carvalho Monteiro compra ao Marquês da Praia e Monforte, António Borges de Medeiros Dias da Câmara e Sousa uma parcela de terreno que fazia parte do Campo de Seteais, pela quantia de 2 250$000 réis.

Por essa altura é presidente da Câmara de Sintra o visconde da Idanha, Francisco de Aboim (foto abaixo) e administrador do concelho João Manuel Esteves Junqueira. 

Uma curiosidade: dos vários comboios, cerca de 6, que diariamente asseguram a ligação a Lisboa, os das 6h e das 10h55m, não despacham bagagens nem cães…

22- A Família Real chega para passar o Verão, sempre recebida com luminárias e fanfarra e muito povo

Julho

1-Inauguração do cemitério de S. Marçal

Baile de gala na Pena, com Suas Majestades o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia e mais dignatários

Surto de angina diftérica em Barcarena

11-Criação da Estudantina de S.Pedro Sempre Avante Recreativa

S. Pedro

18-Criação do Clube da Estephanea, presidido por Peito de Carvalho, comparecendo Chaby Pinheiro na festa inaugural

Terminando o mês, o aniversário no Paço do infante D. Afonso, irmão do rei. 


Agosto
6- A comarca de Sintra compreende 5 distritos de juízos de paz: Belas, Sintra, Colares, Montelavar e S.João das Lampas

Entre as partidas e chegadas do Verão, realce para a do conselheiro João Franco, figura proeminente da vida política, a veranear em Sintra em casa do sogro, o médico dr. Schindler, ou a dos viscondes de Monserrate, Francis Cook e sua segunda esposa, a sufragista americana Tennessee C. Claflin, (foto abaixo)que pela módica quantia de 600 contos haviam adquirido e remodelado o palacete em 1863.


Incêndio na Cruz Alta, perto do palácio e pinhal do Vianinha

Setembro

Pela primeira vez José Ignácio Paulo Costa entrega no Ministério das Obras Públicas o projecto para uma ligação ferroviária de Sintra a Colares e Praia das Maçãs, caminho de ferro de tracção reduzida e sistema americano. Era o antepassado do eléctrico, que contudo, ainda não foi dessa que viu a luz do dia.

26- Círio de inauguração da estrada Colares-Praia das Maçãs, com mais de 5000 participantes.

Alertando a imprensa que os jardins do Duche se encontravam encerrados ao público, de imediato o Conde de Valenças, dr. Luís Jardim,(foto abaixo) proprietário dos mesmos e do palacete contíguo os manda abrir.

Outubro

4-Inaugurado na R.Gil Vicente o Clube Recreativo Familiar Cintrense

Novembro

Em Queluz, a Associação de Recreio Musical de Queluz passa a designar-se Sociedade Musical 21 de Outubro de 1895

15-Fundada a Associação de Classe dos Operários Construtores Civis e Auxiliares de S. Pedro de Cintra

Dezembro

Inaugurada em Belas a Associação de Socorros Mútuos Dr.Elisiário José Malheiros

1896 é também um ano em que as vinhas são atacadas pelo mildew (míldio)

1897

Luís Filipe Valente sobe a administrador do concelho
Realiza-se o documentário O Comboio de Recreio e Sintra

A imprensa relata o sucesso da exportação de camélias de Sintra para Madrid, onde são vendidas a 1 peseta cada.

Fevereiro

Abre cartório na Vila o jovem advogado Virgílio Horta, sendo quase de seguida designado administrador do concelho.

No plano político, em Fevereiro, no Hotel Bragança, em Queluz, abre o Centro Regenerador João Franco, de apoio ao controverso conselheiro.

17- Aparece morto por estrangulamento o funcionário do Palácio da Pena António Rodrigues, por todos conhecido como o Cavaco.

Por esses dias, em Belas, o médico barão da Costa Silveira, dr. Galvão de Melo, assassina a tiro de revólver o farmacêutico e figura querida da terra Manuel José Malheiros(foto abaixo)

Abril

A condessa d’Edla passa uns dias no seu chalé, e os Cook recebem em Monserrate amigos ingleses, os Kendall, saudados pela fanfarra da Sociedade União Sintrense.Como habitualmente por ocasião das visitas anuais,  a viscondessa de Monserrate visita as escolas, e distribui bolos e livros pelas crianças mais necessitadas.

Junho

19-Festa em casa de Teodoro Ferreira Pinto, na Vila Estephanea, com a presença do escritor Bulhão Pato

Julho

7- Deslocação para um jantar, na Praia da Adraga, da rainha viúva, D. Maria Pia.

O caminho de ferro para Colares e Praia das Maçãs volta à baila, desta feita com projectos de Raul Mesnier e Sertório Corte Real, promovendo-se comícios em Colares a favor da obra. Ainda não seria desta, também…

Agosto

O padre Mathias del Campo, galego refugiado em Portugal, é nomeado coadjutor de Colares

Decorrem sob patrocínio de Luís Augusto Collares as festas das Azenhas do Mar.

29-A associação 14 de Fevereiro recebe círios civis de Lisboa (Amoreiras e Campo de Ourique)

Setembro

A par da notícia dum surto de tifo no Mucifal, e da continuação das obras da estrada que finalmente ligaria Colares à Praia das Maçãs, uma polémica: o Correio de Sintra denuncia a existência de jogo clandestino no café Universal, na Vila, com a cobertura do administrador do concelho Virgílio Horta.

Outubro

6-A Câmara dá conta de que o conde da Azambuja pretende fechar o campo de Seteais, aforado em 1801.

O farol eléctrico do Cabo da Roca começa a funcionar, com um sistema de reserva composto por um candeeiro a petróleo de 3 torcidas; o aparelho óptico é de 4ª ordem, sendo a rotação produzida por um mecanismo de relojoaria; entra em funcionamento uma sereia a vapor (sinal sonoro).

Realiza-se um dos primeiros filmes portugueses com Sintra como tema: O Comboio de Recreio e Sintra, realizado pela empresa Gameiro Alves, do Brasil.

Também em 1897 a sede da Sociedade União Sintrense passa para a R. do Carneiro, hoje R.Gil Vicente, no local onde mais tarde funcionou o Teatro Gil Vicente, sendo presidente Joaquim Maria de Oliveira Cunha.

1898


 Janeiro-Nasce O Jornal Saloio, na rua da Câmara nº38

Alfredo Keil pinta Um Rebanho em Sintra 

Um crime deixa as populações estupefactas: no Linhó, um desequilibrado de 34 anos, Vicente Baptista, mata a mãe, de 60. Acaba internado em Rilhafoles.


A quinta do Espingardeiro é pertença do 2º conde da Caparica, D. Francisco Xavier de Meneses (1854-1914), filho do 2º marquês de Valada, que no mesmo ano a vende ao 2º visconde de Soares Franco, Francisco Soares Franco (n. 1852).

O Infante D. Manuel, futuro D. Manuel II, na Pena


Fruto das guerrilhas políticas, é dissolvida a Câmara, substituída por uma comissão administrativa presidida por José Luís Gonçalves.


Início da construção do palacete sobre os alicerces da antiga casa do Barão da Regaleira. Carvalho Monteiro decide construir o palácio à beira da estrada, não só pela vista, mas porque pretendia adquirir a Quinta do Relógio, que fica em frente, e ligá-la à Regaleira através de uma ponte. A pedra usada na construção vem da pedreira de Outil, perto de Coimbra.


Fevereiro


Vários choupos de Colares são abatidos, substituídos em Março pela alameda que ainda hoje perdura junto à Adega Regional de Colares (posterior).
O Carnaval desse ano decorre nos espaços usuais, o teatro do Grupo dos 14, e a Sociedade União Sintrense, ou o teatro Minerva, em Colares.


Abril

1- Abre a Escola Franceza no nº 10 da Rua da Câmara, depois Av. Visconde de Monserrate
Anexo ao teatro do Grupo dos 14 é inaugurado o espaço do Grupo Dramático Pinto Ramos.
O crime de Belas chega a julgamento e o homicida do farmacêutico Marreiros, o barão Castro Silveira apanha 3 anos de prisão.


Enquanto isso, nas Cortes, o deputado Chaves Mazziotti pergunta pelas obras da estrada de Sintra a Colares, muito desejadas e sempre adiadas
Na Estefânea e Vila Velha continua a saga do jogo ilegal, e as invectivas do Correio de Sintra contra as autoridades que tal permitem.
Maio
É fechado o tanque da Várzea de Colares

10-Nasce em Sintra a poetisa e escritora Oliva Guerra

26-É reconhecido como legal proprietário duma mina em Minarvela, S. Pedro, o seu proprietário, António Rodrigues Vieira


Junho

Publica-se em um só número O Echo de S.Pedro 

Julho
27-A Câmara aprova o projecto da estrada para a Praia das Maçãs

 
Agosto
Finalmente é publicado o decreto que aprova a construção da estrada de Sintra para Colares
Na Câmara, discute-se a construção de um jardim público no Rio do Porto
Ocorre um surto de bexigas em Belas
O círio da Senhora do Cabo este ano é em Montelavar.
Como habitualmente, a família real veraneia e o Grupo dos 14 oferece um bodo aos pobres no Terreiro Rainha D. Amélia
Carvalho Monteiro adquire os terrenos para construção de uma casa apalaçada (Regaleira)

Fogo no Chalé da Condessa, no qual morre carbonizado o trabalhador do parque Severo Ferreira, a quem a condessa d’Edla paga o funeral.


Setembro
 3- A distracção de uma engomadeira provoca um incêndio no Hotel Netto

22-Sai o primeiro número do Progresso de Sintra , dirigido por José Sampaio e Castro, tipografia na R. da Ferraria

A casa Siemens propõe à Câmara a concessão para instalação da luz eléctrica na Vila
Sob égide de alguns abastados proprietários, entre os quais o deputado Chaves Mazziotti, é criada a Sociedade Edificadora da Praia das Maçãs.
Joaquim Vicente Albogas abre uma serração em Montelavar
Reúne o Centro Socialista de Sintra, presidido por Manuel Dias Ferreira. 


Outubro
30- Azedo Gneco realiza uma sessão de propaganda socialista para os lados de Pêro Pinheiro
O automóvel, novidade recente, desperta interesse geral e o grupo sol e dó do Grupo Recreativo Familiar Sintrense organiza um passeio recreativo a Cascais, pela serra. 
Surge a Sociedade Musical 1º de Maio, em Agualva

O Rei D. Carlos outorga a Joaquim Palhares de Almeida Araújo o  titulo de Visconde de Almeida Araújo, mais tarde, em 1901, conde da mesma designação.


O ano acaba com a tomada da Câmara pelos progressistas, presidindo José Joaquim Lopes Gonçalves.


1899


Anselmo Braancamp Freire publica Brasões da Sala de Sintra

O comerciante Joaquim António Pires é feito barão do Cacém
Em Montelavar, logo em Janeiro, a troupe dramática de Vítor Cruz apresenta o espectáculo Uma para Um, de Alberto Pimentel, enquanto o Grupo dos 14 leva à cena uma récita pelo grupo de Pinto Ramos.


Carvalho Monteiro e família já vivem na Quinta da Regaleira, numa pequena casa, conhecida como Casa da Renascença.
Limpeza do relógio na torre do Relógio que não se efectuava pelo menos há 4 anos, pelo que o mesmo se encontra nesta altura parado.

O futuro D. Manuel II numa tourada perto da Pena


Fevereiro
4- Em comemoração do centenário do nascimento do Visconde de Almeida Garrett, passa a estrada dos Pisões a chamar-se Avenida Garrett e é colocada uma lápide na entrada dessa avenida, na parede do lado esquerdo que era da antiga Quinta Velha do Marquês de Pombal.


Na Estefânea, inaugura-se o clube Pérola de Cintra, de José Pereira dos Santos

Correio de Sintra de 19 de Fevereiro, entretanto, noticia que o conhecido capitalista Carvalho Monteiro pretende construir uma vistosa casa em Sintra.
Também em Fevereiro, morre o chefe local do Partido Regenerador, o conselheiro Francisco Costa e Silva
Em Monserrate decorrem obras para construção de uma cascata do lado exterior da propriedade.


Maio
Morre o proprietário do Chalet Biester, Frederico Biester.Frederico Biester nasceu no ano de 1833 e faleceu em 1899. Casou com Amélia Freitas Guimarães Chamiço que nasceu em 1843 e faleceu no ano de 1900. O casamento foi no dia 22 de novembro de 1870. Deste casamento nasceu uma única filha que morreu muito jovem vítima de tuberculose óssea.

O Chalet Biester depois da morte de Frederico Biester ficou para a sua mulher, Amélia de Freitas Chamiço que morreu poucos meses depois, em 1900. Sem testamento declarado todos os bens do casal foram doados à única herdeira possível. Foi a sua tia por afinidade do lado paterno, Claudina Ermelinda de Freitas Guimarães Chamiço a herdeira de todos os bens.

20-Alberto Telles publica na revista “O Ocidente” o artigo Monserrate

Realiza-se a Festa do Espirito Santo, nas Mercês

25-Fundação do Grupo Excursionista Os Catitas


Junho
16- A família real chega para veranear, sendo que de início a rainha D. Amélia passa alguns dias indisposta, razão porque a 17 de Julho se celebra em S.Martinho um solene Te Deum pelo seu pronto restabelecimento.


Na Câmara dos Deputados, finalmente passa um decreto que permite a construção duma linha férrea até Colares, já pedida desde 1986 e nunca saída do papel, enquanto na estrada Sintra-Colares se realizam obras de requalificação no local conhecido como Ponte Redonda.


Por esta altura, sem data confirmada, decorre a construção do Hotel Central, sendo juntamente com o Hotel Lawrence’s, o Hotel Netto e o Victor um dos mais frequentados pela aristocracia e pela burguesia lisboetas.

O Hotel Lawrence´s é adquirida por Miguel Gallway, que amplia o edifício, cedendo uma parcela para a instalação de uma pastelaria, sendo  aí que se fabricam  em 1900 os primeiros pastéis de feijão, e ao que consta, também as primeiras queijadas.

Também por essa altura o administrador dos Serviços Florestais, Carlos de Nogueira, manda proceder a várias obras no castelo e capela, em cuja abside é colocada uma porta de madeira, adaptando-a a estábulo.

Júlio Grego constrói caramanchões no seu café Flor da Praia, na Praia das Maçãs (Aqui, num quadro de Malhoa, alguns anos depois)


1900


José António de Araújo encena “Revista de Cintra” no Teatro Garrett


A Câmara é dissolvida e nomeada uma comissão administrativa presidida pelo farmacêutico José Simões Dias.


Manuel Emygdio da Silva(foto abaixo) enfrenta Chaves Mazziotti nas eleições legislativas, representando Sintra

Construção da capela da Quinta de São Sebastião.


No início do século a quinta do Relógio(foto abaixo) é propriedade de António Pinto da Fonseca, passando, depois da sua morte para a sua viúva, Capitolina Vianna Pinto da Fonseca, e a Casa Italiana é habitada por um Montperrand.

A Quinta do Vinagre é igualmente restaurada pelo proprietário, Conde de Mafra.


Decorrem obras de infraestruturação da propriedade da Quinta da Regaleira, incluído adaptação e ampliação do sistema de recolha de água, construção da rede de drenagem, movimento de terras para implantação do edifício e percursos, construção de taludes, e muros de suporte.

Julho

8-Numa reunião em Belas, José Antunes dos Santos é designado para dirigir o Partido Regenerador de Sintra


1901


A imprensa destaca a chegada das primeiras solipas para o novo caminho de ferro até à Praia das Maçãs, (eléctrico) que finalmente avança

Praia das Maçãs e tasca do Manuel Prego


Abre o Hotel Bragança, em Queluz, com gerência de Gonçalo Verol Júnior e diárias a 1200 réis.
Morre Sir Francis Cook, visconde de Monserrate, aos 84 anos


Sir Francis Cook (1817-1901), primeiro baronete de Cook e Visconde de Monserrate, foi um rico comerciante e colecionador de arte britânico. Após viajar na Europa e no Médio Oriente, Francis Cook entrou na firma de seu pai, a Cook, Son & Co., que comerciava produtos de lã, algodão, linho e seda. Em 1869 assumiu a direcção, tornando-se um dos três homens mais ricos da Grã-Bretanha. Em 1849 comprou a Doughty House e em 1855 a Quinta de Monserrate, em  Sintra, onde mandou construir o palácio de Monserrate, um edifício romântico em estilo neo-árabe. Em 7 de Junho de 1870, foi tornado Visconde de Monserrate um título criado a seu favor por D. Luís I de Portugal que seria herdado pelo seu filho, Frederick Lucas Cook. Sir Francis Cook começou por coleccionar escultura clássica no final dos anos 1850, tendo obtido as primeiras obras maiores de pintura em 1868, data em que Sir John Charles Robinson (1824-1913), ex-curador do Victoria and Albert Museum se tornou seu conselheiro. Em 1876 possuía 510 grandes obras e em 1885 adicionou uma galeria à Doughty House para acomodar a crescente coleção, abrindo a galeria aos estudiosos.

Em 1885 casou-se pela segunda vez, com a feminista, corretora americana Tennessee Claflin e em 1886 foi feito primeiro Baronete de Cook. Foi sucedido pelo seu filho Frederick.

Janeiro
17- Por decreto de D. Carlos I, Sir Frederick Cook sucede ao pai com o título de 2º Visconde de Monserrate; faz grandes melhoramentos e compra a Quinta da Penha Verde, aberta ao público, mediante pagamento de bilhete, cujo produto reverte para a Misericórdia de Sintra.


Junho
28-Inaugurados os trabalhos da Avenida Alda, a ligar a R.Margarida com a R.Veiga da Cunha, ao vale de S.Martinho


Agosto
12- Início da construção da linha do elétrico de Sintra à Praia das Maçãs. No início dos trabalhos há largada de foguetes como demonstração do júbilo por tão importante melhoramento.


Dezembro
19-Último número do Jornal Saloio.


1902

O 2º Visconde de Monserrate manda fazer uma ponte em Galamares, junto à Ponte Redonda, para uso dos seus rendeiros


O 2º Conde de Cartaxo compra a quinta e Palácio dos Ribafria em Lourel.
Constituída a Sociedade Viúva de José Gomes da Silva e Filhos, em Almoçageme, dirigida pelos filhos Bernardino e Ludgero Gomes da Silva


Agosto


26-O Sport Club de Belas é estrondosamente derrotado por uma equipa de Sintra por 14-0, nos Campos de Seteais. Tal resultado será o início do fim do S.C.Belas e o princípio do Sporting Clube de Portugal. O desafio, integrado nos festejos de Nossa Senhora do Cabo, tem a presença do Rei D. Carlos.


É adjudicada a iluminação eléctrica à Companhia do Caminho de Ferro de Cintra à Praia das Maçãs


Novembro
19-A Câmara delibera construir o Bairro de Monte Santos, assim designado em homenagem a José Antunes dos Santos

A troupe de Victor Cruz anima os teatros de Sintra.


1903


Publicação do livro O Paço de Cintra, da autoria do Conde de Sabugosa, roteiro histórico-descritivo do monumento, ilustrado por desenhos à pena da Rainha D. Amélia(foto abaixo)

É mencionada, em cartas familiares, a compra de fetos e palmeiras para o jardim para a Quinta da Regaleira.
O Estado compra o Chalé da Condessa por 43 contos, continuando a Condessa a ter o usufruto do mesmo.


Os jornais destacam o estabelecimento em Queluz de uma empresa de automóveis.
O apeadeiro do comboio em Rio de Mouro é concluído
Em Queluz destaca-se o grupo dramático Thomas do Nascimento.


Abril

3-O rei de Inglaterra, Eduardo VII visita Sintra


12-Nasce o Grupo União Recreativa do Linhó

Morre Domingos José Morais, figura destacada da vida local, e pai de Fernando Formigal Morais.
João Augusto de Carvalho é regedor de S. Martinho
Os banhos do Duche custam 160 réis (água quente) e 140 (água fria).
Na Praia das Maçãs, emergente, pontificam as casas Prego e Grego e o engenheiro Van der Wallen faz os primeiros ensaios do eléctrico, quase pronto.


Novembro
22-Realizaram-se as primeiras experiências da Linha entre Sintra e Colares.


Dezembro
13-Visita a Sintra do rei de Espanha, Afonso XIII (foto abaixo)

26- No lugar do Papel, nasce Francisco  José Carrasqueiro Cambournac, filho de D. Maria Carlota Canas Carrasqueiro,senhora de família importante da Vila de Belas, e de Pedro Roque Cambournac, proprietário  administrador da Tinturaria Cambournac.

Licenciado em Medicina pela faculdade de Medicina de Lisboa, pós – graduado em medicina tropical, em instituições universitárias de Hamburgo, Londres e Roma, regressando a Portugal ,seria nomeado, professor do Instituto de Medicina Tropical de Lisboa. Mais tarde no período 1964 a 1973, director daquele instituto.

Ao longo da vida profissional, teve papel relevante na erradicação do paludismo em Portugal, dirigiu o Posto de Malariologia de Águas de Moura, concelho de Palmela, e idêntico estabelecimento em Benavente.A sua competência e saber ficamos a dever a extinção do flagelo da sezões, na zona dos arrozais do Vales do Sado e Sorraia. Publicou cerca de duas centenas de trabalhos científicos, versando a temática da epidemiologia.

Nomeado em 1964 director Regional para África da Organização Mundial de Saúde,(OMS),com  votos favoráveis de representantes na ONU dos movimentos de libertação, das antigas colónias, portuguesas, que teria desagrado ao Professor Salazar, só não existiu retaliação devido ao elevado prestigio Professor Cambournac, gozava mundialmente.

1904


Documenta-se a chegada à Quinta da Regaleira das primeiras peças da oficina de João Machado vindas de Coimbra (grande parte dos artistas permaneciam em Coimbra, na oficina de João Machado, de onde se enviaram as obras, outros, como os irmãos Fonseca, fixaram-se em Sintra). As cavalariças estão já praticamente concluídas; obras na Fonte da Abundância, no aquário, nas torres, nos mirantes e grutas.


É fundada a Associação de Socorros Mútuos Dr. Carlos de Oliveira Guimarães (terá durado até 1930)


31-O eléctrico vê finalmente o seu momento inaugural.

O percurso, com uma extensão de 8.900 metros, foi prolongado a 10 de Julho desse ano até à Praia das Maçãs, totalizando uma extensão de 12.685 metros. .O eléctrico de Sintra foi aprovado por decreto do governo de 22 de Julho de 1899, ficando a construção da linha a cargo de uma empresa francesa, a Darras e Cª, de Paris, sendo o projecto do engenheiro Lebastard Sagers. O fornecedor dos eléctricos foi a empresa J.G.Brill Company, de Filadélfia, em 1903,num total de 13 unidades, sendo o primeiro eléctrico guiado pelo engº Wan-der-Wallen, que fez o percurso de 8 km em 24m,a 27 de Março de 1904. A inauguração do troço até Colares ocorreu a 31 de Março de 1904, num total de linha de 12.605m, custando um bilhete de Sintra à Praia das Maçãs 200 réis. A ligação ás Caves do Visconde Salreu, ocorreu a pedido deste em 1924 e o troço Praia das Maçãs-Azenhas do Mar funcionou entre 1930 e 1954. Em 1963 deixaram os eléctricos de ser azuis, passando até hoje à cor encarnada.

Junho
É inaugurado o chafariz do Vinagre
O conde de Mesquitela é administrador do concelho.

Colares

Julho

O coronel Ben Daoud, fotografado pelo Príncipe D. Luiz Filipe, em Julho de 1904, na Pena (foto publicada no Boletim Fotográfico nº 61, de Janeiro de 1905). Ben Daoud foi um coronel argelino do exército francês que combateu na conquista da Argélia ao lado dos Duques de Orleans, tios da Rainha D. Amélia. A Rainha D. Amélia conhecera-o em 1903, durante uma viagem ao Egipto.


Setembro
11- Sai o último número do Correio de Cintra

É demolida a antiga ermida e capela de S.Sebastião
Um grupo de veraneantes tenta construir um casino em Sintra, o que se vem a malograr por não reunir o número considerado mínimo de 200 sócios.

Feira das Mercês


1905

António César Mena Júnior publica O Pelourinho de Cintra: Notícia Histórica. Lisboa: Typ. Lallemant

O edifício da Gandarinha é doado a uma instituição católica por Clementina Libânia Pinto Leite , Viscondessa da Gandarinha.

Início das obras da capela na Quinta da Regaleira, procedendo-se simultaneamente, ao arranjo do jardim, com grande parte das espécies compradas no horto Villa Isabel, do Rio de Janeiro.

A cavalo, a rainha D. Amélia em Seteais
Aquisição da propriedade da Penha Longa pelo Dr. Luís Soromenho, que a mantém até à 4ª década do séc. 20.

Janeiro

9-Visitam Sintra os duques de Connaught. O duque, Arthur, é o sétimo filho da rainha Vitória, que realiza um passeio de automóvel guiado pelo príncipe D. Afonso, “O Arreda”

Fevereiro

16- É pedida, por Inocêncio Joaquim Camacho Rodrigues (ex-governador do Banco de Portugal), a concessão de exploração da Água Mineral do Monte Banzão.

Esta água era engarrafada num anexo da casa do proprietário do Monte Banzão, através de um cano de ferro que tinha origem numa nascente  do pinhal da Nazaré e canalizada para uma fonte (Fonte Maria)

Saloios na Vila


Março

24- Visita da rainha Alexandra de Inglaterra a Portugal, e Sintra.

Do livro A Royal Lunch, edição da Parques de Sintra:

 No terceiro dia de visita oficial a Portugal efetua-se o passeio da rainha Alexandra a Sintra, em companhia da sua comitiva particular e do príncipe Carl da Dinamarca, seu genro e sobrinho, futuro rei da Noruega.

Participam no passeio a família real portuguesa, membros destacados do corpo diplomático inglês em Lisboa e altos dignitários da corte e do governo. Organiza-se para o efeito um comboio real que parte da estação de Alcântara Terra pelas 11h15 e que terá também transportado os vinte criados da Casa Real que fizeram o serviço do almoço, sob as ordens de António Duarte, e ainda Fortunato Gomes, “moço” ao serviço de D. Maria Pia,

Aguardavam na estação o infante D. Afonso e o seu ajudante de campo, D. José de Mello Sabugosa, e ainda o tenente coronel Albuquerque. O regresso a Lisboa no comboio real efetuou-se pelas 17h15, com desembarque em Alcântara Terra pelas 17h50. Para os convidados que desejassem regressar a Lisboa antes da partida da rainha Alexandra organizou-se um comboio especial com saída de Sintra às 13h15. A rainha D. Maria Pia voltou às 16h em comboio especial, em companhia do conde de Sabugosa e Fernando Eduardo de Serpa Pimentel.

O programa do passeio integrou uma receção na estação de caminho de ferro de Sintra, toda embandeirada e guarnecida de plantas, flores e panos adamascados, com presença de autoridades como o administrador do Concelho Dr. Brito Chaves e o presidente da Câmara Municipal Dr. Virgílio Horta, de uma guarda de honra constituída por bombeiros voluntários de Sintra e da Real Philarmonica União Cintrense; um almoço no Paço da Vila, a convite da rainha-mãe, D. Maria Pia, e do rei D. Carlos, seu filho; logo depois, passeio à Pena, de carruagem, e visita ao Palácio, residência de D. Carlos e D. Amélia em Sintra.Nove carruagens conduziram a família real e os convidados da estação de caminhos de ferro para o Paço Real: uma “americana”, quatro “vis-à-vis”, três “break” e uma viatura italiana.

Aquando da entrada da rainha Alexandra no largo Rainha D. Amélia, a filarmónica da Sociedade União Primeiro de Dezembro – que estava junto ao edifício da Câmara, interpretou os hinos inglês e português. A Vila apresentava um ar festivo e, entre as casas particulares, destacavam-se as fachadas do largo, que expunham, além de ornatos florais e “colgaduras”, troféus, colchas e escudos com as legendas ‘Welcome’, ‘God Save the Queen’ e ‘Viva a rainha d’Inglaterra’. No pátio interior do Paço da Vila frente à larga escadaria, encontrava-se a guarda de honra em continência, perante a rainha viúva. Composta por cinquenta praças do Batalhão de Caçadores, apresentaram armas sob o comando do capitão Chrysogono Pinto. Chegado o cortejo ao Paço, a banda de Caçadores 2 executou o hino inglês, enquanto a rainha D. Maria Pia, visivelmente satisfeita, ia recebendo os régios visitantes e personalidades no alto da escadaria principal

Às ordens da rainha-mãe estavam dois funcionários experientes, ao serviço da Casa Real desde o tempo do rei D. Luís: Manoel Caetano da Silva, o “senhor Manuel” referido nos jornais, “primeiro cozinheiro e encarregado da Real Cozinha” no Paço da Ajuda, e António Duarte, o “commendador Antonio Duarte” referido nos jornais, “encarregado do serviço das mezas de Estado e outras refeições” no Paço da Ajuda96, responsáveis pelo serviço de cozinha e dos ‘bastidores’ da mesa (incluindo o serviço do almoço), respetivamente, em articulação com o mestre-sala conde de Figueiró.


28- Visita do kaiser Guilherme II da Alemanha a Sintra. Tendo apanhado o comboio em Belém, juntou-se-lhe a Família Real- D. Carlos e D. Amélia na estação de Alcântara. Em Sintra foram recebidos pelo presidente da Câmara, a Real Filarmónica e meninas com flores, tendo o cortejo de 11 carruagens seguido para a Vila, encabeçado pelo automóvel do infante D. Afonso, o Arreda. Depois do almoço, na Sala das Pegas, onde a Guarda Municipal interpretou obras de Wagner, o cortejo visitou a Pena, onde foram apreciadas camélias, tendo ao fim do dia voltado a Lisboa, muito aplaudidos pela população.

Agosto
27- Decorre em Sintra o I Congresso-Concurso dos Bombeiros Portugueses

Exercício em Seteais

 Uma vacada em Sintra

28-Visita dos oficiais da corveta alemã Charlotte

22-“Cintra atrae todos os estranjeiros que nos visitam e é certo que, pelos seus naturaes encantos pela belleza dos seus arvoredos, pelo pittoresco dos seus panoramas, pela surpresa das suas vistas, tem fama universal. Os aspirantes da corveta allemã «Charlotte» em numero de sessenta, vestindo as suas fardas brancas foram visitar a soberba e gracil villa em terça-feira 22 de Agosto, tendo janttado no Hotel Netto e indo em digressão até á Pena.

Era d´um bello efeito a caravana dos touristes que destacavam com os seus uniformes por entre a verdura, montados em burros e seguindo alguns em carruagens, conservando-se sempre no maior enthusiasmo, trocando impressões com uma jovialidade meridional, dados os seus espíritos positivos de allemães, por essa grandeza de panoramas, pela suavidade da aragem, pelo communicativo bem estar que vem d’ essas arvores e d´esses penhascos colliocados ali pela natureza, d´uma surprehendente maneira que encanta a visita e delicia o espírito.

O jantar correu animadissimo, retirando os aspirantes da «Charlotte» pela noite e saindo a corveta no dia seguinte, tendo havido dois dias antes da partida um jantar, a bordo do qual assistiu grande numero de pessoas da colonia allemã.”

28-Visita a Portugal, e Sintra, do presidente da República Francesa, Emile Loubet

Um relâmpago destrói a igreja de Nossa Senhora da Consolação, Agualva


É construída a Fonte do Mosqueiro, entre S. João das Lampas e A-do-Longo.

Festas do Senhor da Serra em Belas

Setembro

28- Tragédia na Praia das Maçãs.

“Em quinta-feira 28 de Setembro duas meninas do logar do Mucifal, uma de 14 annos chamada Marcellina Rosa e outra de 15 annos chamada Umbellina d’Assumpção, primas carnaes, foram como de costume pelas 7 horas da manhã tomar o seu banho despindo-se na barraca do João Claudio, um dos quatro banheiros que teem installações na praia que, quando as reconduzia, lhes recommendou não tornassem a metter-se no mar.
Dentro em pouco quando o banheiro estava com outra cliente n’agua alguem lhe disse atrapalhadamente: “Olhe as pequenas do Mucifal andam além embrulhadas”. Com effeito as pequenas tinham saído da barraca e entrado de novo no mar, sendo logo levadas pela ressaca. João Claudio atirou-se em seu socorro, começou a nadar com rapidez, chegando a agarrar uma d’elas pelo fato, mas tendo que a largar em virtude da violência das ondas; o pobre banheiro ainda mergulhou e ainda veio ao lume d’agua estava exhausto, conseguindo chegar a terra em virtude de lhe ter sido lançado uma toalha por uma mulher de nome Josephina que assim, ao vê-lo perto, mas sem poder nadar.

Quando a noticia chegou ao Mucifal os paes das victimas dirigiram-se logo para a praia havendo então cenas bem dolorosas e, tendo chegado muita gente do Mucifal, começou uma perseguição aos banheiros que na sua grande excitação culpavam do desastre tendo-se refugiado os perseguidos, uns no Chalet Cunha, outros no posto fiscal das Azenhas do Mar até onde aquella gente os foi apedrejando.(in Ilustração Portuguesa, Outubro de 1905)

É pedida, por Joaquim Camacho Rodrigues, a concessão da água Mineral “Monte-Banzão”. Esta água era engarrafada num anexo da casa do proprietário do Monte Banzão , através de um cano de ferro que ligava esse anexo ao poço. Deixou de ser comercializada em 1913, por diminuição do caudal que se deveu a aluimentos de terras resultantes dos fortes abalos sísmicos de 1908″

Em 1905 publica-se Cintra Pinturesca Ou Memoria Descriptiva das Villas de Cintra e Collares e seus Arredores. Nova Edição Profusamente ilustrada e desenvolvida com muitas annotações por Antonio A.R. da Cunha. Lisboa: Empreza da História de Portugal.


1906

J. Herculano de Moura publica Inscripções indianas em Cintra : notulas de archeologia histórica e bibliográphica ácerca de templos hindús de Somnáth-Patane e Elephanta


D. Manuel II integra os bens da Casa Real na Fazenda Nacional.
O castelo de Colares, villa e quinta anexa são propriedade do 2º visconde de Monserrate, Sir Frederico Lucas Cook (1844 – 1920).
Construção da cadeia Comarca de Sintra, conforme projecto do arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes, pelo empreiteiro João da Silva Pascoal.

                     Uma procissão na Vila Velha
Maio

O Padre António Maria Rodrigues, regente da Quinta Regional de Sintra,  instalada na Granja do Marques, escreve um opúsculo intitulado ” Apontamentos acerca da Agricultura em Portugal “,onde escreve:

“Dois ramos da industria são característicos de Cintra; a confecção das famosas queijadas, e a venda de flores. Em Colares 7 quilómetros ao poente de Cintra, produz-se saborosa fruta, excelente vinho de pasto e obras de verga; mas este vinho conhecido em todo país e mesmo no estrangeiro, raras vezes se encontra no seu tipo genuíno, a não ser em casa do lavrador.

As grandes pedreiras de mármore em Pero Pinheiro , Lameiras ( … ), constituem a principal fonte de riqueza do concelho .”

“O visitante, ao retirar-se de Cintra, pela estrada de Mafra, notará logo de 2 quilómetros de distancia, o contraste que existe entre a pujante vegetação do lugar que deixou e o aspecto desagradável do campo que vai descobrindo.

Aqui não só a vegetação nos matos é raquítica, mas as próprias árvores que orlam a estrada (freixos, olmos, e choupos), são mal  conformadas, inclinando-se para o sul, fustigadas pelo vento, quase permanente esta região.

” Os terrenos da lavoura, depois de realizadas as ceifas de trigos ou favais que são a cultura geral entre os saloios, apresentam uma vista escura, triste, alternando com grandes montes de pedra de algumas pedreiras abandonadas ou em exploração.

A figueira e a ginjeira, são as árvores frutíferas, melhor resistem, a macieira, e a pereira, estendem -se ao abrigo dos muros, acima dos quais não conseguem passar.

A água é muito calcária, a gente bastante laboriosa e morigerada, mas ainda ignorante.”

Junho
6 – Fundação da Associação dos Bombeiros Voluntários de S.Pedro por João da Silva Coelho, João Tibúrcio Pacheco e Alfredo de Oliveira e Silva, com primeira sede no Largo do Fetal, hoje Largo 1º de Dezembro, numa casa pertencente a João de Almeida.


Agosto

Neste mês é relatado pela imprensa que o infante D. Afonso (o “Arreda”) teve um acidente de carro entre a estrada de Sintra e Cascais, tendo partido uma costela

16- Nesta quarta-feira tem lugar uma tourada na qual são lidadas dez vacas da ganadaria do Marquês de Castelo Melhor, D. João da Silveira Pinto da Fonseca Correia de Lacerda de Eça e Altro Figueiredo Sousa e Alvim, proprietário de extensas e ricas propriedades no Ribatejo.

Na corrida de Sintra as honras da tarde são para o cavaleiro D. Ruy Zarco da Câmara, filho do conde da Ribeira Grande e bandarilheiro Eduardo Perestrelo. Os moços de forcados não comparecem, devido à falta de vestuário apropriado. As pegas são executadas por espontâneos, presentes nas bancadas. O gado saiu bravo e proporcionou lides brilhantes.

Praça quase cheia com assistência distinta e entusiasta. Dirige a corrida D. Vicente de Paula Gonçalves Zarco da Câmara, conde da Ribeira Grande, progenitor do cavaleiro D. Ruy.


30- Inauguração do chafariz da Praia das Maçãs. 


Outubro
13-Descoberto o tholos da Praia das Maçãs
Dezembro

Mercado de Queluz

6- Encomenda à fábrica de relógios de precisão Besaçon, L. Leroy & Cª, de um carrilhão de oito sinos para o campanário da capela da Quinta da Regaleira. Continuação das obras na capela; é trazida de Coimbra uma chaminé neo-renascentista, para a sala de bilhar; os trabalhos de serralharia são encomendados à oficina Viúva Thiago da Silva & Cª.

Construção, por iniciativa de Fernando Formigal de Morais segundo projecto do arquitecto Francisco Carlos Parente, do palacete da Quinta dos Lagos (foto abaixo). Ficará pronto em 1908.

Construção do edifício dos Paços do Concelho, no local da antiga capela de São Sebastião, demolida na altura segundo plano do arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes (foto abaixo) o que resta da Capela pode ser visto na casa do Casal de São Roque.

Arranque das obras da nova cadeia comarcã, projecto de Adães Bermudes executado por João da Silva Pascoal.

Construção da estrada da Volta do Duche, iniciada segundo projeto de Adães Bermudes, concluída em 1909.


1907

Fevereiro

25-Visita Sintra o príncipe Guilherme de Hohenzollern

Março

11-Visita a Sintra do rei Frederico Augusto III da Saxónia

Ada Cunnick Inchbold, escritora de viagens, escreve Lisbon and Cintra, editado pela Chatto &Windus, em Londres, e com ilustrações de seu marido Stanley Inchbold

Fundado o asilo da Penha Longa (durou até 1910)

Criada a Associação de Beneficência da Vila de Sintra
Perto do Cabo da Roca o Lutetia, da Compagnie de Navigation Sud Atlantique afunda o Dimitrios, vapor grego de 2506 toneladas
Um grupo de 20 marchadores faz o percurso Lisboa-Sintra em 4 horas e regresso, num total de 7 horas.

 Estação de Sintra
A pedido da Liga Promotora de Melhoramentos de Sintra, a cadeia da Vila Velha passa a acolher os correios (ainda hoje).  
Nasce o historiador sintrense José Alfredo da Costa Azevedo.


Aquisição por Carvalho Monteiro dos direitos e posse das águas do aqueduto aos herdeiros de António Pinto da Fonseca, da Quinta do Relógio.

Fofos de Belas, 1907

 A Família Real
As obras no Chalé Biester encontram-se concluídas.
Data desta altura um desenho de Raul Lino considerado embrionário relativamente à concepção da Casa do Cipreste, então designada “A Pedreira”

Agosto

15-O vapor inglês Anglia com 2055 toneladas de carvão naufraga no Cabo da Roca

Setembro

9-Fundada a Irmandade de Santa Euphemia

                   


14-Fundada a Liga dos Melhoramentos de Sintra.

Escrevia o articulista da Revista Brasil-Portugal de 16 de Outubro de 1907:

Constituiu-se há pouco com este titulo uma sociedade cujo fim patriotico é promover os melhoramentos indispensaveis em Cintra, para que esta pittoresca estancia seja o que requer a sua prevelegiada e unica situação entre os mais bellos sitios da Europa.

(…) Não se trata da realização de melhoramento local, inspirado pellas bellezas sem par d’esse Eden, immortalizado por Byron no seu Child Harold, mas sim do começo de execução de um vasto plano tendente a valorisar economicamente o capital opulento, que a natureza com mão prodiga doou e que por um criminoso desleixo até agora temos votado ao mais completo desprezo.

(…) E no entretanto esses viajantes ao chegarem aqui encontra um sitio sem agua, sem luz, sem hoteis dignos d’este nome, mal servidos de comboios, sem um parque publico na terra dos mais famosos parques do mundo, sem um casino sem nenhum dos attractivos emfim, que fixando-os por alguns dias, os obrigariam a deixar aqui parte d’esse dinheiro, que por culpa nossa e nossa incuria, elles vão gastar em outras estações do continente

(…) É preciso que esta vergonha nacional cesse por interesse do paiz e para honra do nosso nome de gente civilisada.”

 “Patriotica é pois a iniciativa do grupo que fundou a Liga promotora dos melhoramentos de Cintra, e muito deve desde já o paiz em reconhecimento.”

Da “Liga Promotora dos Melhoramentos de Cintra” faziam parte o Conde Mesquitella, Conde de Caria,Dr. António A. De Carvalho Monteiro, Consiglieri Pedroso, Collares Pereira, Raul Lino entre outros.

Dezembro

21- Eleição da Comissão Municipal Republicana de Sintra. Efectivos: Francisco Rodrigues Ferreira, proprietário e comerciante em S.Pedro; Francisco MartinsGregório Casimiro Ribeiro e Jayme Theophilo dos Santos, comerciantes, da Vila Estefânia; e, Manuel Jordão, proprietário, do Vale de S. Martinho. Substitutos: António Malheiro, farmacêutico, da VIla Estefânia; José Soares Ribeiro, proprietário, de Mem Martins; João Simões, industrial, de Sintra; Joaquim Wenceslau Gomes, comerciante; e, Aparício Fructuoso, escriturário, da Vila Estefânia.

1908

Albrecht Haupt publica A Arquitectura da Renascença em Portugal

Sousa Viterbo publica Maximo Joze dos Reis, o último capitão-mór de Cintra, Archivo Historico Portuguez


Luigi Manini(foto abaixo) viaja até Milão e Veneza, com objectivo de encomendar e acompanhar a execução de diversas peças em falta na capela e no palacete da Quinta da Regaleira, nomeadamente os mosaicos para o pavimento, os paramentos das paredes, vitrais e alfaias litúrgicas; o painel do retábulo-mor é encomendado à Casa Pauly, em Veneza; construção da estufa quente pela firma Viúva Thiago da Silva & Cª; Giuseppe Gualfi executam as torneiras de bronze da capela, figurando o renascimento de Vénus.

O visconde do Tojal é presidente da Câmara

Abril
12-Nasce o jornal Ecos de Sintra, dirigido por Júlio do Amaral . Acaba em 23 de Agosto.

São inaugurados por estes dias o restaurante Internacional, na Praia das Maçãs, o “Barateiro“, loja e retrosaria na Vila Velha, e o “Serra de Sintra“, no mesmo local.


Maio
24-Inauguração do Real Salão Animatographico D.Manuel II, na Vila Velha, perto das Escadinhas Félix Nunes


Agosto
5-A luz eléctrica chega à Vila
Um bilhete de eléctrico até à Praia das Maçãs custa 200 réis (80 até Galamares).


Definitivamente encerram os banhos na Volta do Duche, de António Pereira, o Pouca Sorte, 60 anos depois da sua construção.

Decorria o ano de 1848 quando o Dr. Bernardo Castro pede licença para a realização de uns banhos públicos junto das propriedades de Miguel David Gallwey no local denominado de Azinhaga da Sardinha, junto da antiga Fonte da Sardinha

O Dr. Bernardo Egídio da Silveira e Castro era formado em Medicina pela Faculdade de Coimbra. Homeopata, fundou em 1859 a Gazeta Homeopathica Lisbonense e tinha clínica no concelho de Sintra. Concedida a necessária autorização, mandou proceder ao início das obras.

Segundo José Alfredo era um estabelecimento muito modesto, pois tinha apenas duas piscinas com cerca de 5 metros de comprimento e 4 de largura, e 4 banheiras revestidas de tabiques de madeira, frequentadas especialmente por ingleses que vinham veranear para Sintra.

A Quinta do Duche era antigamente conhecida por quinta do Degan, nome originado no do seu antigo proprietário D. Caetano de Gand, segundo Olivia Guerra ou D. Caetano Deagan segundo José Alfredo. Foi logradouro publico sendo mais tarde vedado com o pretexto de resguardar o estabelecimento, como também e com o mesmo pretexto, foi vedado por uma cancela o caminho para os banhos junto do matadouro antigo, e que era pouco mais ou menos no local onde está hoje o Palácio Valenças.


Inauguração do Hotel Tapie, na Praia das Maçãs

D.Manuel II e a rainha D.Amélia na Pena
Setembro
18- Carta de lei reconhecendo o ramisco como vinho regional.

Outubro

7-A rua da Câmara passa a designar-se Rua Visconde de Monserrate

Novembro

Fundada a Liga Promotora da Instrução de Cintra

1909

Palácio da Pena


O teatro e a Esplanada Garrett, com animatógrafo, animam a vila em período estival

Na Estephanea nasce por impulso de Fernando Formigal Morais uma escola primária

Últimas notícias de peças vindas de Coimbra para o palacete da Quinta da Regaleira, encomendados painéis em vitral ao atelier Carvaya Bazzie & Cª.

Fevereiro

28-É criado o Centro Republicano de Sintra, presidido por Jerónimo Ignacio Cintra

Março

17- É registada por Alexandre Roux a descoberta duma mina de ferro situada em Asfamil, freguesia de Rio de Mouro. O estudo geológico do terreno, onde se apresenta o jazigo de ferro de Asfamil, é constituído por calcários cretácios manchados de quando em quando por cúpula da formação basáltica da região lisbonense. A morte impediu-o de realizar o projecto criando uma indústria nova e interessante no nosso país. Alexandre Roux tinha vindo para Portugal abrir os Grandes Armazéns do Chiado Lisboa nos finais do século XIX. Roux pretendia obter cores para as suas pinturas. Faleceu em 1911, e desse modo os Ocres de Asfamil perderam-se para sempre.

Maio
Os novos Paços do concelho (actuais), também obra de Adães Bermudes, ficam prontos, e o velho edifício da Câmara na Vila (hoje Museu do Brinquedo) é encerrado.O edifício dos Paços do Concelho é edificado no local onde, até ao início do século XX, se erguia uma antiga ermida dedicada a São Sebastião.


Junho
13-Inauguração dos novos paços do concelho e da cadeia comarcã, projecto de Adães Bermudes

Outubro

25- No alto da Estephanea, nasce por impulso de Formigal de Morais uma escola primária feminina

1910 

Eduardo de Bethencourt Pereira escreve Esquisse geologique de la contrée de Cintra

Realiza-se o filme Sintra de João Freire Correia, da Portugália Film
Inaugurada uma escola primária no Algueirão Velho 
Pela morte do conde de Valenças a propriedade da Quinta de Valenças passa para o seu filho, o 2º conde de Valenças, Ricardo Anjos Jardim (1877-1952).
Término das obras da Quinta da Regaleira segundo inscrição numa das empenas do palacete.


Janeiro
26-A Câmara doa os terrenos e edifício da antiga Casa da Câmara, na Vila, aos Bombeiros de Sintra

Fevereiro

2- No Real Animatographico D. Manuel II decorre uma palestra do Dr. António José de Almeida. Depois do 5 de Outubro este local passará a designar-se Casino Cintrense

Abril

A comissão de viticultores de Colares envia uma representação ao Ministro das Obras Públicas , solicitando uma marca privativa para os seus vinhos.

Foto de Joshua Benoliel na Ilustração Portuguesa de 18 de Abril de 1910.


Maio
25- Regularizada por decreto a comercialização do vinho de Colares


Junho
16- Um decreto (publicado no Diário do Governo nº 136 de 23.06.2010) classifica como monumentos nacionais o Castelo dos Mouros, o Paço de Queluz, o pelourinho de Colares, a anta de Adrenunes e a da Agualva, a igreja da Penha Longa, a anta de Belas, o palácio da Pena, o Paço de Sintra e o repuxo manuelino da Vila

A serra, vista da Quinta da Vigia
Setembro

3-Morre em Sintra o antropólogo e professor Zófimo Consiglieri Pedroso

Zófimo José Consiglieri Pedroso Gomes da Silva (Lisboa, 10 de março de 1851 — Sintra, 3 de setembro de 1910), mais conhecido por Consiglieri Pedroso, foi um político, etnógrafo, ensaísta, escritor, professor e diretor do Curso Superior de Letras. Inicialmente militante do Partido Progressista e depois militante republicano, foi deputado às Cortes da Monarquia, eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa. Orador de grande qualidade e de improviso fácil, raramente escrevia os discursos, ficando famoso pela acutilância dos seus folhetos doutrinários e como doutrinador republicano conhecido pela sua verve e recorte literário, tendo publicado várias obras e folhetos de pendor propagandístico. Para além da história, dedicou-se à etnografia e foi um dos introdutores da antropologia em Portugal, estudando os mitos, tradições e superstições populares, atividades em que era um típico letrado do último quartel do século XIX, profundamente imbuído de valores humanistas e revelando-se um ensaísta brilhante. Foi presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa e sócio efetivo da Academia de Ciências de Lisboa. Sofrendo de diabetes, faleceu em Sintra, um dos seus locais preferidos para veraneio e descanso, vítima de uma infeção por antraz que terá levado a uma septicemia e ao colapso cardíaco. Depois de uma vida de luta pelo ideal republicano, faleceu a um mês da implantação da República Portuguesa, triunfo que não conheceria.

25-Decorre no Grémio Garrett uma gala beneficente com a presença da família real

Outubro
5-O directório do Partido Republicano Português designa Tomé de Barros Queirós,(foto abaixo) figura já de destaque na época e ligado a Sintra, onde tinha um chalet, para proceder à proclamação da República

Barros Queirós havia chegado a Sintra em meados de Setembro, vindo de férias nas termas, e aqui recebe a notícia a 4 de Outubro da morte, assassinado por um doente mental, de um dos chefes da revolta, o Dr Miguel Bombarda. Confirmado o sucesso do movimento militar, Barros Queiróz é convidado pelo PRP para proclamar a República em nome da Junta Revolucionária, tendo sido designados para o acompanhar nesse momento histórico o jornalista João Chagas, bem como José Barbosa e Malva do Vale.
É assim que um grupo de apoiantes do novo regime se concentra junto com Barros Queirós na Praça Afonso de Albuquerque, para esperar os outros enviados do PRP. Alguns deles, armados, inclusive já desde alguns dias guardavam residências de políticos e figuras destacadas do regime monárquico, entre as quais a de João Franco, que veraneava em Sintra com a família real, e que tinha sido um dos protagonistas do odiado governo que em 1908 custou a vida ao rei D. Carlos, e que agora, paradoxalmente, era protegido na sua pessoa e bens pelos revolucionários, para evitar pilhagens e actos de vandalismo. Entre os que protegeram João Franco em Sintra contava-se o filho de Barros Queirós, Daniel, com 19 anos na altura, sendo que João Franco, apesar do reviralho que se adivinhava, mandou servir comida e café aqueles que se preparavam para alterar o regime que ele servira.
Estão os populares reunidos quando chega um dos poucos carros que havia naquele tempo, ostentando uma bandeira verde rubra, ao que os populares respondem com vivas à República. Nessa viatura vem uma eufórica senhora de apelido Quaresma Val do Rio Barreto.
Passado um tempo, uma outra viatura, aberta, transporta duas figuras vestidas de escuro. São a rainha D. Amélia e uma camarista, que vindas da Pena, se dirigem a Mafra a juntar-se ao deposto rei D. Manuel, de onde partiriam posteriormente em direcção a Inglaterra. Barros Queiróz, reconhecendo a rainha, tira o chapéu, e silenciando os vivas à República, saúda com cortesia a real figura, no que é acompanhado pelos demais.
Finalmente chega o grupo vindo de Lisboa, e todos se dirigem à varanda dos Paços do Concelho (os actuais, que haviam sido inaugurados um ano antes, em 1909), e proclamam solenemente a República Portuguesa, sendo na altura anunciados Formigal de Morais como presidente da Câmara Municipal de Sintra e Gregório Casimiro Ribeiro como administrador do concelho. Todo o dia é de festa em Sintra, com uma banda de música percorrendo a vila em clima de euforia e júbilo.

A acta que se lavrou desse simbólico momento, é do seguinte teor:

«Aos cinco dias do mez de Outubro de mil novecentos e dez, pelo meio dia, compareceram no largo do Municipio, em frente aos Paços do Concelho d’esta vila, os moradores d’esta mesma vila a fim de içarem o pavilhão da Republica no edificio dos Paços do Concelho, e que figuram, depondo a vereação actual e propondo uma commissão para interinamente administrar os negocios municipais e do concelho, o cidadão Fernando Formigal de Moraes, proprietario; Francisco Rodrigues Ferreira, proprietario; Antonio Maria da Silva Malheiro, farmacêutico; Manuel Ferreira Cosme, commerciante; Verissimo da Silva Rosa, proprietario; Manuel Duarte Rezina, commerciante; José Ferreira de Sá Piedade, empregado publico, e Manuel Ramos Ferreira de Carvalho, artista. Os nomes d’estes cidadãos foram proclamados da janela dos paços do Concelho pelo cidadão Thomé José de Barros Queiroz, sendo unanimemente approvados por toda a multidão que enchia o largo fronteiro. E para dar fé se lavrou a presente que vai ser assignada por todos os presentes. E eu Antonio Augusto Rodrigues Cunha, secretario da camara a escrevi»

Seguem-se cento e sete assinaturas, muitas delas reconhecíveis e que identificam algumas das mais gradas figuras do concelho de Sintra. No dia seguinte, a seis de Outubro, procede-se ao Auto de Posse da Comissão Republicana Administrativa do Concelho de Sintra. A acta diz o seguinte:

«Aos seis dias do mez de Outubro do anno de mil novecentos e dez, n’esta vila de Cintra, Paços do Concelho, pela uma hora da tarde, compareceram os cidadãos Fernando Formigal de Moraes, Antonio Maria da Silva Malheiro, Manuel Ferreira Cosme, Verissimo da Silva Rosa, Manuel Duarte Resina, José Ferreira de Sá Piedade, e Manuel Ramos Ferreira de Carvalho, o primeiro presidente, e os restantes vogais da comissão republicana hontem aclamada pelo povo para gerir os negocios muninicipais, para tomarem posse da administração os mesmos vogais, cuja posse, na ausencia do presidente da Camara lhes foi dada por mim Antonio Augusto Rodrigues Cunha, secretario da Camara que a presente assignei». Seguem-se as respectivas assinaturas.

Nesse mesmo tempo, João Franco, muitas vezes apelidado pelos republicanos como ditador e o principal rosto do governo monárquico, estava também em Sintra. Para que não houvesse mais sangue, Tomé de Barros Queiroz ordenou que se montasse guarda à casa daquele ex-governante, guarda essa comandada pelo seu filho Daniel Barros Queiroz.

12-Formigal de Morais propõe que «Todos os fornecimentos para quaesquer obras ou trabalhos municipaes não sejam feitos por membros da Commissão Republicana Administrativa do Municipio, nem por empregados da Camara». A proposta é aprovada por unanimidade.

Novembro

2- O vogal da Câmara Sá Piedade propõe: «… que se mande derrubar no cemiterio de São Marçal em Cintra, a parede que ali existe separando um boccado de terreno para sepultura dos cadaveres de individuos não catholicos, o que presentemente não tem razão de ser.».

9-Na Câmara discute-se a inauguração da «Escola do Morais», que acontecerá a treze, obra do presidente que se propõe construir mais três escolas no concelho. Pede, então, aos seus colegas de vereação que o ajudem a escolher os locais mais necessitados. Decide ali que essas três novas escolas terão os nomes de Afonso Costa, Brito Camacho e João de Menezes.

13-Inauguração da Escola de Domingos José Morais

Com a Implantação da República, o Palácio da Pena é transformado em museu, com a designação oficial de Palácio Nacional da Pena, e o Palácio da Vila é incorporado no Património do Estado, procedendo-se à demolição de várias construções anexas ao Palácio.

Carvalho Júnior preside ao Conselho Paroquial Político da freguesia de S. Martinho

Preso em Sintra o antigo chefe do governo João Franco, acusado de arbitrariedades, saiu do tribunal depois de pagar uma fiança de 200 contos, paga pelos capitalistas Sommer e Melo e Sousa

Dezembro
1- Surge o jornal “O Concelho de Sintra“, dirigido por António Cunha afecto aos republicanos. Sai às 5ª feiras e funciona na Praça da República nº6.

8- Criado o Batalhão de Cintra, milícia afeta ao Partido Republicano
Em Colares, o médico Brandão de Vasconcelos forma um núcleo de defesa democrática do concelho, e preside à junta da paróquia (freguesia).
Em 1910 João Freire Correia realiza o documentário Sintra

RECOLHA DE FERNANDO MORAIS GOMES.

EM ATUALIZAÇÃO PERMANENTE

LIGAÇÃO A OUTRAS CRONOLOGIAS:

1911-1926

1927-1945

1946-1960

1961-1974

1975-1989

1990-2001

2002-2013

2014-2019

2020-ATUALIDADE

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2 thoughts on “Cronologia de Sintra- De 1880 a 1910”

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