Depois do período de residência artística num acolhimento do Chão de Oliva, a companhia de teatro Ninguém apresenta nos dias 24 e 25 de outubro na Casa de Teatro de Sintra “Delírio a Dois”, de Eugene Ionesco, uma comédia negra onde paira o sentido absurdo da existência humana. A propósito deste espetáculo, falámos com o encenador da peça, Ivo Alexandre.
Como surgiu e quem compõe o Ninguém Teatro? Fale-nos um pouco do vosso percurso
A companhia surgiu em 2013. A ideia partiu de Ivo Alexandre, Anabela Faustino e Jacinto Lucas Pires. Quisemos criar uma estrutura que nos permitisse realizar os nossos projetos, na área da interpretação, da encenação e da escrita. Temos apostado na dramaturgia portuguesa, norte-americana e recentemente na francesa, com a estreia desta peça de Ionesco.
Qual o vosso enfoque e tipo de público para o qual se sentem vocacionados?
Foi sempre do nosso interesse levar os nossos espetáculos ao maior número de localidades, de norte a sul, passando pelas ilhas, criando novos públicos. É o que temos feito, colaborando com entidades programadoras dos mais diversos pontos do país.
Dias 24 e 25 de outubro vão apresentar-se na Casa de Teatro de Sintra. Falem-nos um pouco desse projeto.
É um texto de Eugène Ionesco, pouco conhecido do público português, e que nos pareceu interessante apresentar. Trata-se de uma comédia negra, onde o absurdo está presente no discurso e na ação, como em toda a obra do autor. Um casal, enclausurado na sua casa, arrasta-se num quotidiano monótono. Lá fora a guerra. Dentro de portas, o sentido absurdista da existência humana. Para a concretização deste espetáculo tivemos o apoio do Cineteatro Avenida (Castelo Branco), do Theatro Circo (Braga) e do Chão de Oliva (Sintra).
Quais são as principais dificuldades dos grupos pequenos no quadro da atividade cultural? E no vosso caso?
Uma das dificuldades que temos é a falta de verba para apoiar as companhias de forma capaz. Só com maior investimento financeiro, se pode fazer um trabalho consistente e com qualidade.
O público português está mais recetivo ao teatro?
O público está recetivo ao teatro, como está a outras expressões artísticas, o cinema, a música, a dança. Não podemos é deixar de produzir, apresentar cada vez mais oferta e diversificada. Esta é uma fase difícil, por causa da pandemia, mas acreditamos que haverá cada vez mais público.
Qual a vossa agenda para os tempos mais próximos?
Até ao final do ano estaremos em digressão com a peça “Delírio A Dois”, e no início de 2021, começaremos a ensaiar o nosso próximo espetáculo, que estreará em março.
Como veem o panorama cultural de Sintra? Em vossa opinião, o que há que fazer para lhe dar mais músculo e visibilidade?
Pensamos que tem havido cada vez mais oferta, muito por causa do trabalho feito pelos festivais e outros eventos culturais. Este poderá ser um dos caminhos para haver mais visibilidade.
Um projeto teatral que gostassem de concretizar
O próximo espetáculo. Se tivermos apoio, será mais fácil de concretizar. Será apresentado em várias cidades do país, incluindo Sintra.
Delírio a Dois. Texto original: Eugene Ionesco. Tradução: Jacinto Lucas Pires Encenação: Ivo Alexandre Interpretação: Anabela Faustino, Ivo Alexandre e Alheli Guerrero. Cenografia: Sara Amado. Figurinos: Alheli Guerrero. Desenho de luz: Nuno Meira. Gestão e Produção Executiva: Tiago da Câmara Pereira
Produção: Ninguém
Entrevista de Fernando Morais Gomes