Paulo Jorge Cardoso de Oliveira Brito e Abreu, que usa, desde 2007, o nome literário de Paulo Jorge Brito e Abreu, foi nado em Lisboa, numa família tradicional, a 27 de Maio de 1960, muito perto da festa do Pentecostes cristão. Ex-aluno do Colégio Militar, tem sido Poeta, Conferencista, Ensaísta, Pensador, Pintor, Cantor, o Crítico Literário e o Psicodramista.
Dedica-se, a fundo, ao Teatro, ao Tarot e à Numerologia. Estreou-se, como publicista, a 06/ 07/ 1979, com o poema «Sonhos e Brocados em Mim», publicitado e dado a lume em «Espaço Vivo», suplemento juvenil do jovial «Jornal de Almada». Licenciado, em 1986, em Línguas e Literaturas Modernas por a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde teve como Professores, entre outros, Nuno Júdice, José Augusto Mourão, Teresa Rita Lopes e Yvette Centeno. Dedica-se, desde o ano 2007, ao escol e à escola da Filosofia Portuguesa. Ainda nesse ano, frente à estátua de Gualdim Pais, em Tomar, fez Paulo Jorge Brito e Abreu, preclaramente, um voto perante Deus e o juramento Templário. Escreveu, a 04/ 02/ 2006, «Duma Oração Portuguesa», escreveu «As Maias» a 1 de Maio do ano 2006, a 03/ 07/ 1980 o «Cântico Jovem Para a Tua Rebelião» e, a 1 de Outubro de 1982, o «Cântico Imortal».
Pertence, desde Janeiro de 2015, ao Projecto «António Telmo. Vida e Obra». Em Janeiro de 2016 ele funda, com Filipe de Fiúza, a Hermética Irmandade dos Amigos da Luz. Por seu labor desenvolvido, como crítico literário, no periódico «Artes e Artes», a 30 de Novembro de 1999 foi Paulo eleito, lautamente, Sócio Correspondente da Academia Carioca de Letras, «por seu admirável labor de intercâmbio cultural» ele recebe, a 27 de Agosto do ano 2000, a Medalha Peregrino Júnior da União Brasileira de Escritores. Em Fevereiro do ano 2006, por o seu contributo para a Cultura Portuguesa ele recebe, da Escola Secundária D. Diniz, uma insígnia selecta e a venera simbólica. Actualmente, a par da escrita, do canto e do desenho, se consagra, Brito e Abreu, ao alfarrabismo, à colecção de livros, à Numismática notável e à Ciência Kabbalah. Por meados, primaveris, dos anos 60, sua Mãe, Maria Amélia, o ensinou, escorreita, correcta e rectamente, a ler, a escrever e a contar.
Alguns poemas seus, editados no nosso blogue Sintra Deambulada:
HOMENAGEM AOS JOVENS POETAS
( avoco, para a Musa minha, o Arcano do Sol )
À memória de Jorge Telles de Menezes
O Poeta vai na rua com a fralda de fora,
Cabelos despenteados e olhar de malmequer.
Há séculos que não vê um sorriso de criança,
Cor-de-rosa e azul nas suas mãos aveludadas.
Vai na rua o Poeta sem emprego certo nem pátria,
Borboletas multicores pousam-lhe na face.
Ele é de todo o mundo e o mundo é todo dele,
Jasmins para sempre nas ternuras da manhã.
Um dia, ó meu profeta, quando o mundo for melhor,
Tu hás-de ir para a rua pintado de madressilva,
Tu hás-de ir para a rua cantando canções novas,
Encantando os viandantes com sorrisos azuis e belos.
Vai, ó profeta, prossegue sempre na viagem,
Sê anarquista até à raiz dos cabelos,
Porque um dia hás-de morrer e os burgueses hão-de pôr-te
Num compêndio moralista para os meninos de liceu.
Lisboa, 22/ 05/ 1980
MENS AGITAT MOLEM
SONETO CLÁSSICO
( avoco, para a Musa minha, o 6 de Ouros )
«A arte só faz versos, apenas o coração é poeta.»
André de Chénier
Não pede Amor a pena, minha Dama,
Não pede Amor a mágoa, mas só quer
A vida, ó flor, o néctar, o prazer
Prosternados na luz e verde rama.
Quer Amor pela paz, e inda que brama,
Inda que sofra Amor pela mulher,
A amorosa tarefa busca o Ser,
Sofre Amor pela paz de quem vos ama.
Porém, quer verde Vénus, quer Maria,
Se apuram em vós, flor, que vós sois Flora.
Cantam Zéfiros, cantam, cantaria
Eternamente Amor pela pastora,
Mas tenebrosa Dor, por varonia,
Sofrera só por si, minha Senhora.
Lisboa, 10/ 01/ 1992
SPES MESSIS IN SEMINE
MENINO DA MÁTRIA
( avoco, para a Musa minha, o Arcano do Sol )
Quando o sono chega, alfim,
Vem a Bela, e canta a noite…
Morfeu dono do jasmim,
Sê princesa de cetim,
Ninho sê, onde me acoite.
Vem a Bela, ó Mãe serena,
Qual avena vem cantando,
Vem cantando a cantilena
Minha Musa bem Camena
Até quando? Até quando?
Dorme, dorme, filho meu,
Que é já tarde e vem a Lua…
Imagina que és Orfeu
E a menina do Romeu
É só tua, é só tua.
E descansa a criancinha
Que no sono é todo o homem…
Têm o leito por bainha
E a Lua por madrinha
As crianças que já dormem.
Mas cautela, que o herói
Desta história, é uma quimera…
Pois o tempo a vis corrói
O homem diz ( como isso dói! ):
– Minha Mãe, que foi, que foi?
– É que foi-se a Primavera.
Tomar, 05/ 09/ 1994
MENS AGITAT MOLEM
SONETO BREVE E LEVE
( in memoriam de António Manuel Couto Viana )
invoco, para a Musa minha, o 3 de Copas Arcano
Coas mãos esmigalhadas p’lo mundo da dor
Se ergue sempre o Poeta na sua fantasia.
O homem não contente cria mesmo com Amor:
Se hoje ele é Poeta, amanhã será Poesia.
Urge transformar num só verso maior
Poalha de poeira que é, no fim do dia,
Sal e escuridão volvendo-se em estertor:
Quando um mundo acaba, o outro principia.
Furtemos, entretanto, a Cristo a sua Cruz,
Louvemos o zagal e todos os trigais,
Crisantos animais que somos todos nós;
Pois assim era Buda e assim era Jesus,
Nitentes e notáveis doando aos naturais
A Virgem, visionada, e cansada, a minha voz.
Que Luz, 05/ 10/ 2016
AD MAJOREM DEI GLORIAM
VARIAÇÕES SOBRE UM TEMA DE ALMEIDA GARRETT
( convoco, para a Musa, o Arcano e Arcaico do Sápido Sol )
Pescador da barca bela
Que em falua, vais à noite:
Só d’ Amor, a caravela
Quer o vale e quer a vela,
Quer a Lua onde se acoite.
Pescador da bela barca:
Vê no cais Santa Luzia.
No batel, tu nele embarca
Que ele é Célio, que ele é Arca:
Tudo o mais é Poesia.
Pescador da barca doce
Que és a dor e és donzel:
Lusa é flor, e quem a fosse!!!
Sul e sal, que aí me trouxe,
É d’ alísio, que é fiel.
Pescador da barca, vede
Que a Raquel é Sol e freira.
Tenho frio, tenho sede!!!
Ó clamor, ó Lia, lede
Barca bela à minha beira.
Que o Poeta sempre pesca
A Nereida, nada nua.
Toda a Flor é quixotesca,
Em Rosália, tu és festa,
– E no fundo, brilha a Lua.
IN HOC SIGNO VINCES
PRIMAVERA PASCAL
In memoriam de Maria Almira Medina
( convoco, para a Musa minha, o 10 de Copas Arcano )
Só da Luz, quero a Luz e muita Luz.
Que ela é Pão, que ela é prémio prò dolente…
Ela é Nova, ela é noiva, eu digo sus!!!
Coragem para o pobre e o doente.
Só da Luz. Só d’ Amor, em farta Vinha,
O Sol agora vem, e é bem-vindo…
Ai cânticos e frol duma andorinha!!!
O dia é Primavera, eu digo lindo!!!
Só da Luz, minha leda, e só do Vate.
Vem d’ amora, de poma, e vem de véu…
Vem comigo, a lidar o bom combate:
Eu n’ asa dos teus olhos, vejo o Céu.
AD AUGUSTA PER ANGUSTA
MELOMANIA-MEMENTO
( avoco, para a Musa, o Arcano e Arcaico da estética Estrela )
Perdida eternamente,
Pra sempre, sempre morta,
A Bela está presente
E bate à minha porta.
Visita-me em segredo,
Às horas mais caladas,
Crisóloga no credo,
As mãos amendoadas.
E Bela volta à campa,
Com passos de veludo,
A Nela que foi estampa,
A Dona que foi tudo.
E eu digo, eu digo à Dona:
«Não vás, ó deia amiga!!!»
Mas ela, que apaixona,
Tão frol, numa cantiga,
É Paz, calor e mente,
É liga, junco, porta,
Amada eternamente
Mas nunca, nunca morta.
AD AUGUSTA PER ANGUSTA
A CRUZ E A ROSA
( convoco, para a minha Musa, o 3 de Copas Arcano )
( à memória, caroal, de Eliphas Lévi )
Se todos forem rudes, e a Rosa, em castigo,
Não tiver um Amigo, não beijar a benesse,
Ergue os olhos ao Pai, que o Paulo é contigo,
Ergue os olhos à missa, e lá será a messe.
E quando, ó Rosa minha, tu quando sentires
Que a noite é solitária, e o lábaro, um lamento,
Ergue os olhos ao Céu, ergue os olhos à Íris,
– E firme ficarei, ficarei no Firmamento………..
MENS AGITAT MOLEM
EROS EXTÁTICO
( convoco, para a Musa minha, o 10 de Copas caroal )
Os meus lábios são húmidos da boca
Que aprendi a beijar como ninguém,
Que Maio é comoção, a terra é pouca:
No mar, o teu Amor é mais além.
E à noite, a cor é vela em nossa toca,
A rosa a ti, Maria, te convém.
Marina e a fiar, navio ou roca,
A voz rouca, tu lias em Belém.
Por isso à Bela eu amo. Ao lado o círio
Me diz que ela é Cibele, e eu fecundo;
Gritamos, ela grita em seu delírio,
Infinita ela jaz, e eu no fundo……
Por isso a Paz, a Lua até ao lírio,
Bela vás, vás até ao fim do mundo.
SIC ITUR AD ASTRA
AMOR CELESTE
( avoco, para a Musa minha, o Arcano, o Arcaico da Força )
Em Númen’s multicores, em beleza,
Marinela de plantas se vestia,
E as Graças, os Cupidos, a Magia,
Nos seus cabelos eram a lindeza.
Mansíssima oração, alada deusa,
Coa Lua vens silente em Poesia.
Bendita sejas tu, bendito o dia
Em que o Vate a ti veio com pureza.
Em ti bailam as flores da floresta,
Em ti cessa o meu mal por que eu me afoite.
Bendita sejas tu, ó meiga mesta,
Bendito seja o ventre em que me acoite.
Maria, Mãe das flores, vem qual Vesta,
Maria, Mãe dos astros e da Noite.
AMOR MAGISTER EST OPTIMUS
SONETO INSPIRADO NO POETA BOCAGE
( avoco, para a Musa minha, o Ás de Paus como Arcano )
aos meus Amigos da Academia Carioca de Letras
à memória de Jacob Levy Moreno
à Hermética Irmandade dos Amigos da Luz
Ó Musa, que me levas, já cansado,
Arrastando os farrapos, e banido,
Agora, já por zoilos maltratado,
Agora, por cruéis avorrecido……
Com minh’Alma chagada no valado,
Eu choro, e tu comigo, embravecido,
Tu que em cânticos jovens eras Fado,
Tu que arfavas e rias sendo f’rido.
Toma a lágrima, o canto, a solidão,
Toma a lama, as aspérrimas correntes.
Por que dás, por que dás a mim, canção,
As Musas clamorosas e ardentes?
«Verdes são campos da cor do limão.»
E a Nela? E os outros? E as gentes?
AD AUGUSTA PER ANGUSTA
BON SAUVAGE
( convoco, para Angola, o Arcano do Sol )
Era nino, criança, e tu também,
Barbado macaquinho de Luanda,
Tinhas pêlos no queixo, e tua Mãe
Te dava, maviosa, Amor e manga.
Contigo eu aprendi o parabém.
Que de mel!!! Que de soca na locanda!!!
Macaquinho bebé faz o tem-tem
Quando eu lembro, a banana ser a branda.
Eu quero relembrar minhas primícias,
A ti, sempre ao meu lado nas florestas.
Sem palmadas, Amigo, e sem sevícias,
Apenas com ginástica nas ervas,
Pois graças, chico meu, morram polícias:
Virá de novo o reino das giestas.
IN HERBIS ET IN VERBIS
CORAÇÃO REPESO
( avoco, para a Musa minha, o Arcano, o Arcaico do Mundo )
«Erros meus, má fortuna, Amor ardente»
Foram mágoa na minha perdição.
Foram tantos os danos, fatalmente,
Que a deia d’ amar foi desolação.
Tudo passei, mas vendo, incontinente,
Que a amada era a serpente e o dragão,
As mãos da láctea Virgem vi somente,
Rojei meu róseo corpo sobre o chão.
Ó fundas atracções do meu abismo,
Falácias, que sois filhas do engano;
Flanais no meu caminho d’ egotismo,
Conceito variais camoniano,
Que não pode cantar, com aticismo,
Um peito, amargurado, e mariano.
Lisboa, 03/ 06/ 1997
O VENTO E AS PEDRAS
( invoco, para a Musa, o Arcano e Arcaico do Sápido Sol )
Era Céu, era Serra.
Uma Cruz, uma Rosa.
E eu vi, sob a terra,
Uma lapa, uma lousa.
Era Céu, era flava.
Pela cava, Zulmira.
E a aragem tocava
Uma corda, uma Lira.
Algo é verde, ela é vedra.
É do Bel. Qual adobe???
É o Vento, que é pedra.
E é Alma que sobe.
Algo é vau, que ela é vela.
É o Espírito e roca…
Uma nave, uma bela,
Uma Rosa na boca.
AD AUGUSTA PER ANGUSTA
Nota do Autor: no segundo verso da quadra terceira, «Bel» significa «Senhor», e era o deus supremo da antiga Babilónia, ele era, nesta plaga, o mais avito e poderoso de todos os deuses. E por fonético parentesco, «Bel» designa, outrossim, o Poeta João Belo. João Belo é meu discente, ou discípulo, desde os tempos, acrisolados, do meu «Cântico Imortal», ou melhor, desde o dia, já remoto, de 1 de Outubro de 1982.