O ICNF, estrutura que devia pugnar pela defesa da floresta, tem em marcha uma “intervenção” nos Perímetros Florestais da Serra de Sintra e Penha Longa e mais especificamente, na envolvente aos arruamentos públicos (EN9-1 troço entre a Lagoa Azul e a Malveira da Serra, Estrada Florestal Malveira-Portela e acesso à Barragem do Rio da Mula) segundo ele visando “melhorar a segurança de pessoas e bens e garantir o bom desenvolvimento das espécies autóctones presentes no sob-bosque, as quais estão na base dos bosquetes de folhosas características da zona”Para tal fim, foi feito um auto de marca, a incidir sobre exemplares arbóreos em fim de vida, e incidindo sobre exemplares de espécies como os pinheiros-bravos, ciprestes e acácias, visando o abate destes mesmos exemplares.Pergunta-se: se estavam doentes, quem as deixou de tratar, ou esqueceu-se de espaço para rega, e danificou as raízes quando se realizaram obras no subsolo? Matar quem se deixa morrer, é desculpa que nada justifica.Será que a Árvore Morta se seguirá um momento de Árvore Posta? É que não é só a situação fitossanitária que deve ser tida em conta, mas também o direito à imagem, que conforma a paisagem, e contou sobremaneira na classificação de Sintra como paisagem cultural. Como em muitas e pouco exemplares situações, raramente um abate tem sido seguido de reposição do coberto vegetal, no que de crime ambiental tal se reveste, e agora a caminho de mais um arboricídio sob a capa de defesa dos passantes e da segurança.A Alagamares opõe-se vigorosamente a este desbaste anunciado, até pela dimensão de que se vai revestir, e tudo fará para que seja evitado. As árvores marcadas para morrer têm uma marca laranja e é em alerta laranja que os defensores da floresta e da “nossa “serra devem permanecer, pois esta não é dos tecnocratas nem dos madeireiros, mas sim daqueles que a amam, nela vivem e respiram e que não desejam ver decepada por muitas e boas décadas, e para tanto tem estado a desenvolver com outras associações e grupos de cidadãos, muitos estrangeiros, iniciativas para travar o abate de 1400 árvores previsto.http://sintranoticias.pt/2017/03/24/alagamares-abate-arvores-na-serra-sintra/
Como primeira medida, para além do comunicado produzido em 22 de Março, promovemos uma plantação de 50 árvores na Tapada de Monserrate no dia 25 de Março- quando uns querem cortar, outros plantam, cartazes e um vídeo foram produzidos.
Plantação de freixos e amieiros perto de Monserrate (ação apoiada pela Parques de Sintra-Monte da Lua, que supervisionou a ação e cedeu plantas e ferramentas)
Outras iniciativas:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT85096
A de 18 de Abril foi ouvido no Parlamento o presidente do ICNF, Rogério Rodrigues, entidade que superintende a nível nacional da gestão das áreas protegidas e da floresta, a pedido do PEV- Os Verdes, o qual veio defender ser de imposição legal o abate preconizado, como defesa contra os incêndios e visando garantir uma faixa de protecção às estradas de 50m de sul para norte naquela zona, atenta a pendência dos ventos dominantes.Por ele, mais de 5000 árvores deveriam já ter sido abatidas, muitas por terem ciclos de vida já findos, na ordem dos 80 anos, caso dos pinheiros, que serão 85% das árvores marcadas para abate. Contudo, admitiu terem sido numa segunda análise reduzidas de 1400 para 1355 as árvores a abater.
Invocada foi também legislação sobre medidas fitossanitárias contra o nemátodo do pinheiro (que reconheceu não existir em Sintra), e os próprios planos municipais de defesa da floresta de Sintra e Cascais, que impõe faixas de gestão de combustíveis, e a necessidade de substituir as espécies invasoras (acácias, sobretudo) por medronheiros e sobreiros.
Não foi explicado o porquê de 4 carvalhos alvarinhos com mais de 100 anos estarem também assinalados, nem porque se não promovem podas cirúrgicas regulares em vez de abates de “fim de vida” quando se acaba por confessar que afinal muitas árvores ainda podem durar mais 10 ou 20 anos, e outras têm fungos e ramos mortos ou amarelecidos que bem poderiam ser cortados selectivamente e com critério (bem como o vasto mato, esse sim, a precisar de ser limpo, e autêntico combustível…)
Estar-se-á na primeira de várias fases, motivada por questões de “segurança”, a que se seguirá a substituição do eucaliptal da Penha Longa por folhosas e pinhal, com erradicação de acácias (sem prazo), num projecto com um custo global de 200.000 euros. E nesta fase, continuam marcadas para morrer na Penha Longa 316 pinheiros bravos verdes, 10 pinheiros bravos secos, 9 cedros e 1 acácia, e no perímetro florestal da serra de Sintra 774 pinheiros bravos verdes, 32 pinheiros bravos secos, 125 cedos e 78 acácias. Estudos individuais? Parece não haver, a não ser o conselho de uma professora do Instituto Superior de Agronomia. Quem será a “sumidade”, que segundo o presidente do ICNF terá mesma aconselhado a ir mais longe no Cabeço da Raposa, por exemplo?
Da venda das madeiras em hasta pública espera o ICNF obter um valor próximo dos 50.000 euros, atento um valor de 20 € por metro cúbico de madeira.
Subsistem quanto à Alagamares diversas questões por esclarecer, nomeadamente:
-porque não foram as autarquias de Sintra e Cascais, bem como as associações e populações das áreas envolvidas ouvidas, se se afirma estar a ser posto em prática um plano municipal de defesa da floresta que a elas em primeiro lugar cabe gerir e aplicar?
-onde está o plano de replantação após o abate, para além de meros anúncios sem data?
-deve o critério florestal e fitossanitário ser visto separadamente do critério paisagístico e da relação com a classificação como Património da Humanidade na categoria de Paisagem Cultural?
Ficou da intervenção do presidente do ICNF que este compasso de espera é meramente para explicações aos “chatos” e que mais tarde se retomará o processo, depois do Verão, admitiu, depois da “época de fogos”. Há que voltar à estaca zero e fazer estudos criteriosos, ouvir as pessoas, consultar o comité da UNESCO e obrigar a que qualquer árvore que tenha de ser abatida (em última circunstância, e atenta a segurança de pessoas e bens estritamente necessária)) seja de imediato substituída, a par dum plano activo para reflorestar a serra. A procissão ainda vai no adro, e é preciso um sinal claro dos superiores hierárquicos do ICNF de que assim será, com um novo plano e calendário, mais abertura e mais diálogo.
12- A 19 de Abril, a Alagamares reuniu com a Câmara de Sintra, tendo convidado para a acompanhar um representante da Quercus. Participaram o presidente da Alagamares, Fernando morais Gomes, a presidente da Quercus de Lisboa, Sandra Pereira, a directora do Departamento de Ambiente da CMS, Assunção Carreira, e o chefe de gabinete do presidente Basílio Horta, Paulo Gomes. Um relatório da CMS será divulgado em breve.
In April,19, Alagamares president, Fernando Morais Gomes, met Sintra City Council representatives Assunção Carreira and Paulo Gomes, having invited Lisbon´s regional environmentalist organization Quercus leader, Sandra Pereira. A report from local techniciens will be delivered soon.
3 de Maio- Reunião de cidadãos e associações em Sintra
May, 3 meeting of citizens and associations in Sintra
Por iniciativa da Alagamares realizou-se no dia 3 de Maio uma reunião aberta às associações, partidos e cidadãos que desde o passado mês de Março têm vindo a contestar o polémico e escandaloso abate de cerca de 1400 árvores no perímetro florestal da serra de Sintra.
Estiveram presentes representantes da Alagamares, Associação de Defesa do Património de Sintra, SintraPenaferrim, (Re)pensar Sintra, Sintra sem Herbicidas, Quercus, PAN, Bloco de Esquerda, PEV- Partido Ecologista Os Verdes, além de diversos cidadãos a título individual. Foram endereçados convites a todos os partidos políticos com representação parlamentar e municipal, bem como a diversas associações e personalidades, tendo comparecido os que puderam e quiseram.
Não estando o processo formalmente suspenso, conforme se infere das declarações do presidente do ICNF na Assembleia da República no passado dia 18 de Abril, entenderam os presentes na reunião dever continuar a pressionar-se as entidades públicas-ICNF, Ministérios da Agricultura e Ambiente, etc- para a necessidade não só de facultarem os estudos técnicos que conduziram a tal proposta de auto de marca (contestado do ponto de vista técnico por especialistas por nós consultados), como envolver outras entidades, nomeadamente a Comissão Nacional da UNESCO, atento estar a intervenção prevista para uma área inserida na Paisagem Cultural de Sintra, classificada em 1995, e as Câmaras Municipais de Sintra e Cascais.
Foi entendimento dos presentes desenvolverem através das suas associações e partidos pressão até que um novo estudo seja produzido, e que entidades como as autarquias, grupos de cidadãos, o Gabinete do Patrimonial Mundial da CMS e peritos independentes sejam ouvidos, bem como que nenhum abate seja levado a cabo a não ser que seja premente, e sempre seguido de um plano efectivo de replantação no local, na concretização do princípio “Árvore Cortada, Árvore Plantada”.
Para lá duma troca periódica de informações entre as associações e grupos presentes, foi preconizado levar a cabo novas ações públicas de sensibilização, nomeadamente, pequenos vídeos com alerta de figuras públicas, plantação de árvores, ações de limpeza no local, piqueniques e caminhadas na zona em perigo, mostras fotográficas, convite a que os cidadãos que se queiram envolver adoptem uma árvore como sua para fins de protecção e reforço da ligação à floresta,etc.
Igualmente se entendeu vir a fazer um levantamento do conjunto de proprietários públicos e privados na zona, para entender a quem cabe ou não intervir, indo os representantes dos partidos presentes diligenciar no sentido de interpelar no Parlamento e na Assembleia Municipal no que respeita à efectiva concretização em despacho da suspensão do auto de marca, se estava já adjudicado a alguma empresa o abate, calendário, estudos técnicos, sem prejuízo de recurso à Lei do Acesso aos Documentos Administrativos para efectivo conhecimento do processo, na qualidade de stakeholders e do direito à informação constitucionalmente consagrado, se necessário for.
SUSANA CORVILLO ARROYO, coordenadora do Forestta Portal, Espanha
Senhor Ministro do Ambiente
Por favor, ponha fim a este projeto “hooligan” do ICNF. Sintra preza o seu riquíssimo património natural e irá opor-se firmemente à sua destruição. Os sintrenses não aceitam mais cortes ‘ad hoc’ da sua preciosa vegetação, com base em desprezíveis argumentos técnico-burocráticos.
CARLOS VARGAS, jornalista
GALOPIM DE CARVALHO, Professor universitário
Foi com perplexidade e estupefação que observei, in loco, que há muitas centenas de pinheiros e de cedros marcados para abate junto da Estrada Nacional 9-1, entre a Malveira da Serra e a Lagoa Azul e dentro da serra, pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que tutela a área protegida de Sintra-Cascais.
Numa área natural e paisagística desta importância, que é uma área protegida, não se pode legitimar precipitada e irrefletidamente o corte colossal de árvores, irreparavelmente descaracterizador da própria Paisagem.
É uma questão de consciência pugnar pela defesa da floresta. A conservação da natureza, a proteção dos espaços naturais e das paisagens, a preservação das espécies da fauna e da flora, a manutenção dos equilíbrios ecológicos e a proteção dos recursos naturais, além de constituírem objetivos de interesse público de âmbito municipal, extravasam claramente esse âmbito e justificam medidas de proteção adequadas a uma zona que constitui património nacional
Subscrevo, assim, as manifestações públicas de preocupação em relação a esta intervenção do ICNF, e posiciono-me contra qualquer desbaste titanesco e imprudente, em zona de grande sensibilidade e repleta de valores naturais, culturais e estéticos a preservar
DOMINGOS LINHARES QUINTAS, Presidente da Assembleia Municipal de Sintra
A competição entre espécies é resolvida naturalmente e não precisa de intervenção humana. Os pinheiros fazem sombra a outras espécies mas estas sobrevivem com este tipo de sombra durante a sua juventude. Depois precisam de sol directo, altura esta que coincide com a morte do pinheiro. A isto dão o nome de sucessão florestal. O que ocorre naturalmente.
É dito que o auto de marca tem como principais objetivos melhorar a segurança das pessoas e bens e garantir o desenvolvimento adequado das espécies nativas presentes na serra. Há trilhos de caminhada e para ciclistas por toda a serra. Teriam que cortar a serra toda para ser segura. Há árvores em perigo de cair sim, mas não estão assinaladas. As que estão são simplesmente as de fácil acesso e não em perigo de cair.
Praticamente não existiam árvores na serra de Sintra até aos meados de Setecentos. Apenas pedras e arbustos. Sintra foi “plantada” por portugueses, ingleses e alemães. Os ciprestes foram trazidos para Portugal também nessa altura. De modo que não existem árvores nativas da serra de Sintra e com esse argumento teriam que cortar quase todas as árvores.
O relatório da UNESCO afirma que é a rara mistura de árvores nativas e exóticas que a torna tão especial. Ao contrário de muitas paisagens naturais, Sintra foi classificada como Património Mundial não devido à sua aparência original, mas sim ao ecossistema induzido pelo Homem.
As acácias não estão marcadas. Pelo contrário o corte de todos os pinheiros e ciprestes marcados vai permitir a proliferação das acácias. A serra está toda por limpar!! Plantas secas por todo o lado. Não são as árvores saudáveis que têm que cortar!
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