Alagamares debateu em Sintra a temática “O Islão e o Ocidente”

 

 

Decorreu no dia 21 de Fevereiro, no Museu das Artes de Sintra- MU.SA-, um debate organizado pela Alagamares tendo como tema os problemas do mundo islâmico e sua influência no modo de vida do Ocidente, seja pelo prisma da convivência civilizacional num contexto de tolerância religiosa, seja na óptica da segurança e da análise das raízes do problema. Intervieram o jornalista José Rodrigues dos Santos, a eurodeputada Ana Gomes, o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, o dirigente da Associação Islâmica da Tapada das Mercês, Mamady Sissé, o conselheiro da embaixada da Líbia, Saoud Eltayari, e o perito em temas de segurança José Manuel Anes. Ver reportagem em:

http://saloia.tv/v/YrqDw-rlmCl

Sendo Sintra uma terra onde desde o século X a presença islâmica se fez sentir, dessa presença dando nota o geógrafo Ali Bakr ou o escritor Almunim Alhumiari, onde os mouros forros sempre conviveram em paz com as comunidades cristãs e hoje reside uma significativa comunidade islâmica, originária sobretudo de países de expressão oficial portuguesa, fazia todo o sentido a realização deste debate, que reuniu mais de 150 pessoas ao longo de mais de 3 horas de profícua troca de informações.

O Alcorão diz:
“ …não tirem a vida, que Deus fez sagrada, excepto pela justiça ou lei: assim Deus o comanda, para que raciocineis.” O Islão considera que todas as formas de vida são sagradas. No entanto, a santidade da vida humana é-lhe acordada um lugar especial. O primeiro direito básico dos direitos humanos é o direito de viver. E no Alcorão se diz também:“ … E se alguém matou uma pessoa – a menos que fosse homicídio ou difusão de corrupção na terra, seria como se matasse todos os povos do mundo inteiro e se alguém salvou uma vida seria como se tivesse salvo toda a humanidade”.Mesmo em estado de guerra, o Islão ordena que se trate o inimigo nobremente no campo de batalha. Enquanto o Islão for mal entendido no mundo ocidental, talvez nenhum outro termo islâmico evoque reacções fortes como a palavra “jihad”. O termo “jihad” tem sido muito abusado, para conjurar imagens estranhas de violência em muçulmanos, forçando povos a submeter-se no ponto da espada. Este mito foi perpetuado ao longo dos séculos de desconfiança durante e após as cruzadas. Ora palavra Jihad vem da palavra de raiz “jahada”, que significa esforço. Consequentemente, o Jihad é literalmente um acto de esforço, o grande Jihad é  o esforço contra as sugestões insidiosas da alma.

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Moderando o debate, o jornalista Carlos Vargas convidou a abrir a sessão José Rodrigues dos Santos, jornalista de guerra em diversos conflitos no Médio Oriente e autor de obras de ficção sobre o tema, em particular “Fúria Divina”, o qual relatou que muito da experiência na matéria lhe adveio do facto de se ter tentado colocar no papel dum extremista para melhor perceber as suas motivações, salientando que tal como o Alcorão é o livro original pelo qual Deus se dirige directamente aos crentes, muitos textos são hoje adulterados e apócrifos, relatando e incitando ao ódio e guerra contra o Ocidente, quando nada disso nasce do Islão original, acentuando a necessidade de se tratar o problema pelo lado da educação e não com medidas securitárias.

Ana Gomes relatou a sua experiência como deputada ao Parlamento Europeu e ex-embaixadora no maior país muçulmano do mundo, a Indonésia, para reiterar que, como disse recentemente Angela Merkel, também o Ocidente é Islão, sendo ocidentais e desinformados os autores de recentes atentados em Paris e Copenhaga, assediados para o fenómeno pelo desemprego, falta de ideais e captação pelas redes sociais para um espécie de novo ideal, sectário e sem fundamento.

O presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta falou da ligação de Sintra ao Islão, até por o estandarte de Sintra comportar 2 crescentes,  e da necessidade de respeito sem imposição das ideias pessoais a terceiros e da prossecução de políticas activas de juventude, bem como da importância do empreendedorismo para dar um sentido à vida dos jovens, europeus ou não, facto que foi igualmente salientado por Mamady Sissé, da Associação Islâmica da Tapada das Mercês, a qual se fez representar no debate com uma significativa delegação. Os recentes eventos, para a Associação, reforçam o seu sentido de responsabilidade, afirmou este dirigente, salientando o bom relacionamento com a comunidade cristã, sendo que em 2007 foi lançada a primeira pedra para a futura mesquita da Tapada das Mercês.

O conselheiro da embaixada da Líbia, Saoud Eltayari fez uma dissertação sobre o seu país, a Líbia, em estado de desagregação, acusando o Ocidente de ter contribuído para a queda de Kadafhi e ter depois abandonado a Líbia aos senhores da guerra, estando o país em vias de se tornar uma nova Somália. Já José Manuel Anes, distinguiu Islão de islamismo e jihadismo, num quadro em que o Ocidente terá contribuído para o barril de pólvora em que aquela zona do mundo se transformou depois do fim da Guerra Fria.

Intervieram ainda vários participantes, tendo a vasta plateia acompanhado de forma viva e interessada as intervenções, dada a actualidade e importância do tema.

Algumas fotos de Marisol Gonzalez, Paulo Escoto e José Correia:

fotografia            Foto de Marisol Gonzalez

                   

10408050_10205988342697126_874543795448954425_n                                                                          António Luís Lopes

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O presidente da Alagamares, Fernando Morais Gomes, abrindo a sessão

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O moderador, Carlos Vargas

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José Manuel Anes e José Rodrigues dos Santos

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Ana Gomes e Basílio Horta

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Saoud Eltayari, da Embaixada da Líbia

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Mamady Sisse, da Associação Islâmica da Tapada das Mercês

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