Decorreu no MUSA-Museu das Artes de Sintra, no passado dia 29 de setembro o lançamento do livro Sintra-Ao Encontro da História, que teve o apoio da Câmara Municipal de Sintra, e reúne 20 comunicações proferidas durante alguns dos diversos Encontros de História de Sintra organizados pela Alagamares. Foram oradores o presidente da Alagamares e o Presidente da Câmara Municipal de Sintra.
O livro estará futuramente à venda na Livraria Municipal, no edifício do MUSA, e tem o valor de 22,50 € para munícipes de Sintra e 30€ para público em geral, pelo que quem tiver interesse em adquirir enquanto munícipe deverá comprovar a residência na ocasião.

A Alagamares, associação criada em Sintra em 2005, com mais de 300 eventos realizados neste período, entre colóquios, tertúlias, caminhadas históricas e pedonais, workshops, etc, tem vindo a intervir ao longo destes anos activamente em áreas como a defesa do património, promoção das obras de autores sintrenses, consagrados e inovadores, divulgando a nossa História e tradições e cultivando a cidadania sintrense, num apego não só aos valores que definem a nossa idiossincrasia, mas abraçando também uma cosmovisão do mundo como um todo, e da cultura como ato inteiro e global.
Entre os inúmeros eventos, destacam-se desde 2007 os seis Encontros de História de Sintra por nós promovidos, para o qual contámos com o apoio logístico da Câmara Municipal de Sintra, e com o saber dos mais profícuos autores de temas relacionados com Sintra, seus espaços e tempos, e onde procurámos reunir a comunidade científica local, investigadores de grande qualidade, com anos de devoção e visão crítica, almejando contrariar a não inscrição atávica de que padece ainda a sociedade portuguesa, nas acertadas palavras de José Gil, bem como dar a conhecer novos e inéditos contributos para a História Local, assim dinamizando a nossa vida cultural e o debate em torno de temas novos e sedutores ou de clássicos nem sempre profundamente estudados.
Quem melhor poderá contribuir para as necessárias e urgentes alterações políticas, sociais e culturais senão os agentes culturais, na sua diversidade de interesses? E assim procedendo, temos a convicção de ter contribuído para uma cidadania livre por oposição à reverência domesticada, na prossecução de uma biopolítica em estreita conexão com as actividades criativas e o mundo da investigação.
Há que divulgar o Passado para termos Memória no Futuro. Sendo a Alagamares-Associação Cultural cultora da memória colectiva, os vultos de Sintra estarão sempre na nossa agenda e apreço mencionando-se a título de exemplo o quanto Sintra deve a figuras como o Visconde de Juromenha, o seu primeiro historiador, a João Martins da Silva Marques, José de Oliveira Bóleo, Joaquim Fontes, José Alfredo da Costa Azevedo, Cardim Ribeiro, Teresa Caetano, João Rodil, ou Francisco Hermínio Santos entre outros. E como nos Encontros de História juntámos, além de alguns destes, personalidades como Maria Almira Medina, Liberto Cruz, Jorge Telles Menezes, Miguel Real, Rui Oliveira, Pinharanda Gomes, Carlos Manique, Sérgio Luís Carvalho, Galopim de Carvalho, Nuno Miguel Gaspar, Jorge Martins, Eugénio Montoito, Margarida Magalhães Ramalho e muitos mais, vários com comunicações publicadas na obra que hoje se apresenta.
Espaço também para recordar a necessidade de um púlpito permanente onde se divulgue e estude a História de Sintra, que tão boas experiências teve no passado com o extinto Instituto de Sintra ou a saudosa revista Vária Escrita, bem como de incrementar como espaços de partilha os diversos equipamentos culturais já existentes no concelho, e recuperando outros, como se espera do espaço onde anteriormente funcionou o Sintra Cinema.
Escreveu Habermas, as organizações da sociedade civil que participam na esfera pública revitalizam as instituições, e reforçam e relação da sociedade com o Estado. Um personagem duma peça de teatro de Hans Johst propalava na Alemanha dos anos trinta: “quando me falam de cultura, puxo logo de uma arma”. Cabe aos agentes culturais puxar também da sua arma, que é a do conhecimento, da tolerância, da verdade, da memória e da cidadania criativa.
Como disse Miguel de Unamuno, “a erudição é, em muitos casos, uma forma disfarçada de preguiça intelectual ou um ópio para adormecer as inquietações íntimas do espírito“. Rejeitamos a desistência e com entusiasmo e pés assentes no chão proclamamos a nossa vontade de afirmar a Cultura como um dever social e a acção mobilizadora como propulsora de novos horizontes.
Falando de Sintra e da sua magia, Taylor Moore, um amigo da Alagamares que em tempos se dedicou a divulgar pela imagem o feitiço visual deste local ímpar, usou uma expressão que é em si um programa de acção para a nossa associação e para os defensores do património em geral: Sintra. Building a Legacy. Construir um Legado. Para isso cá estamos, iguais entre muitos, mas atentos e críticos, cidadãos e criativos, certamente.
Sempre na estrada, nunca na berma!


