Decorreu a sessão com Liberto Cruz

Liberto Cruz, escritor de referência e natural de Sintra, onde nasceu em 1935, lançou recentemente o seu livro “Última Colheita”, e a Alagamares, depois de alguns adiamentos por razões de força maior, finalmente decorreu a sessão com o autor, apresentada por Miguel Real, dia 27 de janeiro, na Biblioteca de Sintra (Casa Mantero).

Liberto Cruz nasceu em Sintra, em 1935, e licenciou-se em Filologia Românica, em 1959, na Faculdade de Letras de Lisboa, exercendo a função de professor do ensino secundário até 1966. Entre 1967 e 1968 lecionou Literatura Portuguesa na Universidade de Alta Bretanha, em Rennes, onde, em 1969, criou a cadeira de Literatura Angolana. Entre 1971 e 1973, dirigiu na Universidade de Vincennes, Paris, um curso de Literatura Angolana. Em 1975, foi nomeado conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris, cargo que ocupou até 1988, data a partir da qual assumiu a direção da Fundação Oriente. Poeta, romancista, ensaísta, traduziu também Samuel Beckett, Blaise Cendrars, Jean Husson, Robert Pinget, Le Clézio, Duras e Sade. Em 1961, fundou a revista literária Sibila; dirigiu, entre 1964 e 1966, a coleção Poesia e Ensaio da Ulisseia e, entre 1965 e 1966, colaborou na rubrica de crítica literária do Jornal de Letras e Artes. Colaborou nas revistas Poesia Experimental (1964-66) e Hidra (1966-69) e, desde 1971, na revista Colóquio-Letras.
As suas primeiras obras poéticas, Momento, 1956, A Tua Palavra, 1958, Névoa ou Sintaxe, 1959, e Itinerário, 1962, vindas à luz na viragem da década de 50 para a década de 60, refletem um momento de transição na poesia portuguesa, pelo reequacionamento da relação entre a linguagem poética e a realidade. Após as tendências contraditórias de uma poesia de intenção social, na linha do neorrealismo, ou de uma poesia que cultiva a liberdade imaginativa, na senda das experiências surrealistas, assiste-se então a um momento de crescente valorização da linguagem na criação poética, aliada, por vezes, a um experimentalismo, assumido por este autor apenas, e sob o pseudónimo de Álvaro Neto, em Gramática Histórica. Entre essas primeiras obras e Distância (1976) ou Caderno de Encargos (1994), medeia um percurso marcado pela busca de uma cada vez maior contenção imagística e metafórica, mas também discursiva, num itinerário de conquista de uma “sabedoria apaziguadora” (MARTINHO, Fernando J. B., pref. a Caderno de Encargos, 1994).

Sobre a obra poética de Liberto Cruz, ler neste site o artigo da desaparecida Helena Langrouva em

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