Parar a Floresta
é como ouvir a sombra, a voz
maliciosa dos arrepiantes Invernos,
gelar no emergir dum lago
atapetado de nenúfares, que em nós,
suscita poesia e subtil desejo
de abraçar cada flor com um beijo;
Penhor que nos assalta a cada instante,
e, para nós, faz falar o firmamento…,
percorrer o vazio desconcertante
do Inverno malicioso com perfume e ardores,
não é tormento…
destruir o desalento é de nós um feito,
heroicidade de quem sente etéreo,
de quem se revê numa formosa flor,
numa nuvem, nas águas e nas árvores;
imbecilizar a Verdade do que é mais alto,
é não ter nada que se lhes aqueça,
ouvir a pedra,
no sentido incompreendido,
daquilo que se compreende
é o alevante do caos na compreensão
deste mundo Criado.
Ofélia Cabaço
2022 – Fevereiro