Espera,
Que voltem ao lugar as “coisas”,
Que a luz atinja alguma perfeição…,
E adornadas de jardins, as casas
Emanem sorrisos e aventurança
Tingidas de alperce e romã, voltem
As tardes besuntadas de nuances
Alperces e romãs, lírios e uma papoila
Na envolvência do mistério e das cores,
Voltem, a alegrar nosso coração…;
Quando a montanha solitária
Espera a noite e o encanto da lua,
Além, como alma iluminada,
Na quietude do universo a desoras,
Transcende o firmamento, Maria;
Voltem os dias, as noites e a vida,
Quando o medo é rosa feia e tisica
Se desfolha para lá dos pinheiros…,
Voluntariamente, a Terra brotará, seiva
Searas resplandecentes, seiteiras
Em mãos certeiras (…)
Abundância que ao espírito eleva
Na existência dum mistério oculto.
Como eterna primavera que enrubesce
A frescura dos pomares, dos campos
E das almas.
Ofélia Cabaço
Fevereiro 2021
Meu coração como uma pétala
Conforme a brisa e o ardor do dia
Ora se eleva em prece
Ao que alma livre lhe apetece,
Ora ao sabor de sol fulgente
Se aquieta em consumição,
Quando brilham as estrelas
em noites cálidas,
Seja qual for a metamorfose,
Há em mim um ímpeto espiritual
Que se si é fenomenal…
Como pétala meu coração seja
Da qual flor benfazeja,
Às vezes dorido…, como fita violácea
Ruma ao firmamento azuláceo
Adejando à leveza do etéreo…;
Quiçá massacrada plo vento,
A pétala seja pertença duma orquídea
Esvoaçando num vaivém irrenunciável!
Ofélia Cabaço
Março 2021