Passaram a 6 de Novembro de 2019 cem anos do nascimento, no Porto, da escritora e poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, figura incontornável da literatura portuguesa do século XX. Autora de contos infantis e com vasta obra na poesia e teatro, Prémio Camões em 1999, figura de resistente e verticalidade cívica, não podia esta efeméride passar sem a devida homenagem.
Para tanto, a Alagamares-Associação Cultural, em parceria com o Chão de Oliva, realizou nesse dia 6 de Novembro uma sessão literária na Casa de Teatro de Sintra, que teve como oradores o ensaísta, escritor e crítico literário Miguel Real, e a escritora e jornalista, biógrafa de Sophia, Isabel Nery. Durante a sessão foram ainda lidos textos e poemas da autora de “A Menina do Mar” pela atriz Regina Gaspar, numa colaboração com a Musgo-Produção Cultural.
Oriunda duma família aristocrática e estrangeirada do Porto,cultora e apaixonada pela Grécia e o mundo helenístico, autora de obras para crianças como A menina do Mar, A Fada Oriana ou o Cavaleiro da Dinamarca, Sophia foi uma poeta da liberdade, a quem os poemas “aconteciam”, como ela gostava de dizer. Falecida em 2004, os seus restos mortais repousam desde 2014 no Panteão Nacional, em Lisboa.
Algumas fotos:
Miguel Real é o pseudónimo literário de Luís Martins (1953 -) Escritor, ensaísta e professor de filosofia. Recebeu o Prémio Revelação de Ficção da APE/IPLB, em 1979, com O Outro e o Mesmo. Em 2006, conquistou o Prémio Literário Fernando Namora com o romance A Voz da Terra.Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço. É colaborador do JL, Jornal de Letras, Artes e Ideias onde faz crítica literária.
Colaborou no programa de rádio Um Certo Olhar, da Antena 2, apresentado por Luís Caetano, com nomes como Maria João Seixas, Luísa Schmidt e Carla Hilário Quevedo.
De entre as suas obras, destaque para Fátima e a Cultura Portuguesa (2018), Cadáveres às costas (2017) Traços fundamentais da cultura portuguesa (2017) Nova Teoria do Pecado (2017) Sintra – patrimónios (2016) O Deputado da Nação ( 2016, com Manuel da Silva Ramos) O Último Europeu: 2284 (2015) O futuro da religião (2014) Nova Teoria do Sebastianismo (2014) Liberdade, liberdade (com Filomena Oliveira (2013) O Feitiço da Índia (2012) Nova Teoria do Mal: Ensaio de Biopolítica (2012) A Voz da Terra (2011) A guerra dos Mascates (2011) As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia (2010) A Ministra (2009) O Último Minuto na Vida de S. (2007) O Último Negreiro (2007) A Voz da Terra (2006) O Último Negreiro (2006), entre outros.
Prémio Revelação de Ficção da APE/IPLB em 1979 (O Outro e o Mesmo); Prémio Revelação de Ensaio Literário da APE/IPLB em 1995 (Portugal – Ser e Representação); Prémio «Ler» do Círculo de Leitores 2000 (A Visão de Túndalo por Eça de Queirós); Prémio Fernando Namora da Sociedade Estoril Sol em 2006 (A Voz da Terra)
Isabel Nery é jornalista há mais de 20 anos, tendo trabalhado na revista VISÃO até 2017. É vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas e aluna de doutoramento com tese sobre Jornalismo Literário e Neurociências. Autora de Chorei de Véspera – Ensaio sobre a Morte, por Amor à Vida (2016), publicou o seu primeiro livro de reportagem em 2012, As Prisioneiras – Mães Atrás das Grades, adaptado para a curta-metragem Os Prisioneiros.
Em 2011, o trabalho Vida Interrompida foi adaptado para uma exposição itinerante, que percorreu o país. As reportagens de Isabel Nery foram já distinguidas com vários prémios, entre eles o Prémio Direitos Humanos e Integração, da UNESCO, o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas e o Prémio Jornalismo pela Tolerância. Enquanto investigadora, apresentou comunicações em várias instituições portuguesas e estrangeiras, entre elas a Universidade de Harvard e o King´s College, Canadá. Formadora do Cenjor, licenciada em Relações Internacionais e mestre em Comunicação, estudou no Committee of Concerned Journalists (CCJ), nos EUA.
A jornalista Isabel Nery traz-nos no seu novo livro, a primeira biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen, no ano em que se assinala o centenário do seu nascimento.
A autora percorreu lugares e pessoas que fizeram parte da história de Sophia, como o Porto, a Grécia, Lagos, ou entrevistando mais de 60 pessoas, do pescador José Muchacho, ao amigo Manuel Alegre, até ao ensaísta Eduardo Lourenço, passando por companheiros das letras e da política.