Decorreu a 3 de abril na Casa de Teatro de Sintra a sessão promovida pela Alagamares com o apoio do Chão de Oliva em torno da atualidade da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e tendo como ponto de partida o recente livro de José Milhazes “Breve História da Rússia”.
José Milhazes é por demais conhecido como jornalista e especializado em temas russos, sobre os quais escreveu, tendo vivido na ex-URSS e Rússia entre 1977 e 2015. Pavel Elizarov é analista informático, vive em Portugal desde 2013 e teve de se exilar da Rússia por ser apoiante de Alexei Navalny e ter participado nas manifestações da Praça Bolotnaya, em Moscovo, no dia 6 de maio de 2012, que conduziram ao que ficou conhecido como caso Bolotnaya, que levou à prisão e exílio de muitos dos que protestavam contra a farsa da reeleição de Putin nessa altura. Vários ativistas foram acusados e condenados a penas entre os dois e os quatro anos de prisão, considerados culpados de participação em “tumultos em massa”.
A natureza imperial da Rússia, a possibilidade de alguma vez o regime se democratizar, ou o apoio popular a Putin, foram alguns dos temas abordados perante uma plateia interessada.
Portugal estabeleceu relações diplomáticas com a Rússia em 1779, no tempo de Catarina a Grande e D. Maria I, e várias foram as personalidades que se interligaram na relação bilateral, desde o venereologista Ribeiro Sanches, médico português da czarina Ana Ivanovna, e que viveu na Rússia de 1731 a 1747, a José Carlos Rates, primeiro secretário geral do PCP, e expulso do partido em 1925. Também individualidades ligadas a Sintra tiveram uma relação próxima, como a Marquesa Olga de Cadaval, no apoio à vinda a Portugal de muitos artistas russos em pleno Estado Novo (ela mesma descendente do Marechal Kutuzov, herói das batalhas de Borodino e Krasnoi) ou Zózimo Consiglieri Pedroso, professor e antropólogo que viveu e morreu em Sintra e escreveu um livro sobre a sua viagem à Rússia em 1896.
Também o milionário russo Arsénio Morózov (1873—1908) viajou por Portugal e Espanha, acompanhado pelo seu amigo, o arquiteto Víctor Mazyrin (1859—1919). e ficam tão profundamente impressionados com o Palácio da Pena, que Morózov se entusiasmou com a ideia de erguer em Moscovo uma casa-castelo que recriasse em traços gerais o estilo da Pena. Em 1895 mandou erguer uma edificação parecida na central rua Vozdvizhenka, projeto de Mazyrin (foto abaixo)
Algumas imagens da sessão:
Breve entrevista com José Milhazes, edição de Tiago Aleixo